Hipocretina: características e funções

A hipocretina é um hormônio polipeptídico que está associado ao bom humor, à fome e ao prazer, entre outros. Saiba mais sobre ela a seguir.
Hipocretina: características e funções

Última atualização: 06 fevereiro, 2021

A hipocretina (ou orexina) é um tipo de hormônio neuropeptídico estimulante; especificamente, é um hormônio polipeptídico encontrado no hipotálamo posterior. Suas funções incluem induzir a sensação de fome, estimular o estado de vigília ou alerta e promover um estado de humor positivo, entre outros. Por outro lado, seus níveis elevados têm sido relacionados a distúrbios do sono, como insônia ou narcolepsia.

Algumas ações relacionadas com a alimentação e com os hábitos de vida podem aumentar a presença deste hormônio. Assim, práticas como tomar sol, fazer exercícios, consumir alimentos com lactato, restringir a glicose e aumentar a frutose poderiam estimular a sua secreção.

Mulher sorrindo feliz

O que é a hipocretina?

A hipocretina, também chamada de orexina, é um tipo de hormônio neuropeptídico estimulante que foi descoberto nos cérebros de ratos por dois pesquisadores, segundo Sakurai et al. (1998) e De Lecea et al. (1998).

Trata-se de um hormônio neuronal polipeptídico formado por 30 aminoácidos. Está localizado no hipotálamo, uma estrutura cerebral envolvida em funções fisiológicas como o apetite, a libido e a regulação do sono.

Funções da hipocretina

Inicialmente, sugeriu-se que a hipocretina estava envolvida na estimulação da ingestão de alimentos (isto é, a fome). Acreditava-se nisso porque descobriu-se que a administração central desse hormônio, especificamente a orexina-A/hipocretina-1, aumentava a ingestão alimentar.

Posteriormente, descobriram também que a hipocretina estimulava a insônia, o gasto de energia e a vigília. Assim, encontramos diferentes funções exercidas por este hormônio.

Vigília (estado de alerta)

A hipocretina, ou orexina, promove o estado de alerta. Estudos recentes indicam que uma das suas funções relevantes é a de integrar as influências metabólicas do ritmo circadiano e do débito de sono, a fim de determinar se um animal deve estar dormindo ou acordado e ativo.

De forma específica, ela estimularia fortemente diversos núcleos do cérebro, com papéis importantes na insônia (sistemas de dopamina, acetilcolina, norepinefrina…). Por outro lado, de acordo com um estudo de Lin et al. (1999), uma mutação do receptor da orexina/hipocretina causa distúrbios do sono canino, como por exemplo a narcolepsia.

Ingestão de alimentos

A hipocretina também cumpre a função de estimular ou aumentar o desejo por comida. Nesse sentido, interage com substâncias que promovem a sua produção. Especificamente, a hipocretina atua aumentando sua expressão, localizando-se no núcleo arqueado do hipotálamo.

Por outro lado, alguns estudos com animais demonstram que baixos níveis de orexina causam obesidade, e que isso acontece inclusive quando são consumidas menos calorias.

Relação com o Alzheimer?

Um estudo de Kang et al. (2009) relacionou a hipocretina com a doença de Alzheimer. De acordo com o estudo, a expressão da proteína beta-amiloide (um peptídio que aparece tipicamente no Alzheimer), aumenta durante o dia e cai à noite, e tudo isso é controlado pela hipocretina.

Descobriu-se que a privação de sono poderia ser a causa do desenvolvimento de placas beta-amiloide. Este mesmo estudo também sugere que o fato de manter períodos de sono ou de vigília adequados poderia prevenir a doença de Alzheimer.

Influência no bom humor

A hipocretina não se relaciona apenas com funções fisiológicas, mas também emocionais. Assim, níveis elevados estão relacionados a um humor positivo, assim como à sensação de felicidade.

Ansiedade e vícios

Acredita-se que baixos níveis de hipocretina influenciem a vontade de fumar e tomar álcool, especialmente nos casos de vício. Além disso, sua presença também foi associada a mecanismos de recompensa do cérebro. Foi observado como uma atividade anormalmente elevada de hipocretina desencadeia estados de ansiedade que podem levar a pessoa a recair no consumo de toxinas.

Homem cobrindo os olhos

Como estimular a hipocretina?

Algumas ações ou hábitos da vida podem aumentar a presença de hipocretina em nosso organismo. Entre eles, encontram-se:

  • Tomar sol: as luzes brilhantes, assim como a luz solar, aumentam os níveis de hipocretina;
  • Fazer exercícios: a acidificação do sangue que acontece ao fazer exercícios aumenta o estímulo da hipocretina;
  • Consumir alimentos com lactato: o lactato regula a hipocretina, ao mesmo tempo em que aumenta nossa energia;
  • Restringir a glicose e aumentar a frutose: níveis elevados de glicose podem bloquear a atividade dos neurônios orexinas.

Em relação ao que foi comentado, alguns alimentos que contêm glicose saudável são o macarrão, o pão integral, a batata e as leguminosas. Entre os alimentos com glicose não saudável, encontramos o pão branco, os salgadinhos e as frituras, entre outros.

Como vimos, a hipocretina é um hormônio que se relaciona com múltiplas funções, tanto fisiológicas quanto psicológicas. Muitos a batizaram como “o hormônio do bom humor” e, nesse sentido, está associada com estados emocionais positivos. Se encarrega de regular as emoções, o estado de humor e os ciclos de sono/vigília, e também está ligada aos processos de aprendizagem.

Finalmente, níveis alterados deste hormônio estão relacionados com patologias do sono, com a obesidade e até mesmo com a doença de Alzheimer.


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  • De Lecea L, Kilduff TS, Peyron C, Gao X, Foye PE, Danielson PE, Fukuhara C, Battenberg EL, Gautvik VT, Bartlett FS, Frankel WN, van den Pol AN, Bloom FE, Gautvik KM, Sutcliffe JG (1998). “The hypocretins: hypothalamus-specific peptides with neuroexcitatory activity”. Proc. Natl. Acad. Sci. U.S.A. 95 (1): 322–7.
  • Kang, J.E., Lim, M.M., Bateman, R.J., Lee, J.J., Smyth, L.P., Cirrito, J.R., Fujiki, N., Nishino, S. & Holtzman, D.M. (2009). «Amyloid-{beta} Dynamics Are Regulated by Orexin and the Sleep-Wake Cycle». Science.
  • Lin L, Faraco J, et. al. (1999). «The sleep disorder canine narcolepsy is caused by a mutation in the hypocretin (orexin) receptor 2 gene.». Cell 98(3): 365-376.
  • Sakurai T, Amemiya A, Ishii M, Matsuzaki I, Chemelli RM, Tanaka H, Williams SC, Richardson JA, Kozlowski GP, Wilson S, Arch JR, Buckingham RE, Haynes AC, Carr SA, Annan RS, McNulty DE, Liu WS, Terrett JA, Elshourbagy NA, Bergsma DJ, Yanagisawa M (1998). “Orexins and orexin receptors: a family of hypothalamic neuropeptides and G protein-coupled receptors that regulate feeding behavior”. Cell 92 (4): 573–85.

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