Jay Haley e a terapia estratégica
Na terapia estratégica de Jay Haley o terapeuta tem uma grande iniciativa e precisa identificar uma série de aspectos fundamentais. Ela parte da identificação dos problemas solúveis ao planejamento de intervenções, definição de metas, fornecimento de feedback e avaliação.
Jay Haley pretendia superar o que o momento podia ditar e não focar nos sintomas, estados mentais ou estados de humor. O que ele realmente propunha era trabalhar em situações sociais e não focar no trabalho individual.
As premissas da terapia estratégica de Jay Haley
Jay Haley pretendia oferecer a visão de que o problema do cliente que vai à consulta não reside apenas nele, pois os seres humanos são sociais e, portanto, todo o nosso ambiente está envolvido.
Portanto, o cliente não é a unidade de intervenção, também é preciso intervir na família nuclear, outros familiares e/ou o grupo de pares. Dentro de sua proposta, ele também inclui os profissionais que se encontram em contato com o problema de uma forma ou de outra.
Dentro da família, Haley analisava as hierarquias que se estabelecem, assim como as regras e os status ou papéis de poder dentro dela. Existem papéis e regras que são mais primários do que outros, e analisá-los ajuda a entender melhor a vida do cliente.
Às vezes, a queixa, o comportamento inadequado ou o motivo da consulta surgem por confusões ou desequilíbrios na hierarquia que perturbam a adaptação ao ciclo da vida familiar. Se, por exemplo, em uma família a filha é a encarregada de tentar mediar os conflitos de seus pais, haverá um grande desequilíbrio que não se encaixa no papel adaptativo que corresponde a ela como filha.
A história do modelo estratégico-comunicacional
O antropólogo Gregory Bateson foi o primeiro grande teórico sistêmico, e seu foco de estudo eram os relacionamentos humanos. Para isso, ele aplicou alguns paradigmas teóricos, como a Teoria Geral dos Sistemas (TGS) e a Cibernética.
Após o trabalho de Bateson, foi criado o Instituto de Pesquisa Mental (MRI) em Palo Alto, na Califórnia. Por ele, passaram importantes teóricos que se encaixam na abordagem sistêmica: John Weakland, Don D. Jackson, Virginia Satir, Jay Haley ou Paul Watzlawick.
Os trabalhos iniciais de autores como John Weakland e Jay Haley foram muito influenciados pelas ideias de Erickson, um psiquiatra norte-americano de muito sucesso de meados do século XX. A história da terapia familiar era inicialmente conhecida como Terapia Estratégica, cujo modelo havia sido desenvolvido por Haley, mas como os postulados do Instituto de Pesquisa Mental (MRI) e o modelo desenvolvido por Haley eram muito semelhantes, eles geralmente são apresentados em conjunto.
A visão de Jay Haley sobre a pessoa
Os sistêmicos como Jay Haley entendem o comportamento das pessoas dentro de seu contexto interacional, sendo este mais relevante – com maior poder explicativo – do que qualquer outra variável de personalidade. A teoria geral dos sistemas e a teoria da comunicação humana são os modelos iniciais para entender e analisar o funcionamento dos grupos humanos e como a interação é principalmente comunicacional.
Por um lado, um sistema está formado por uma série de elementos e regras que determinam suas relações. Por outro lado, essas relações podem ser observadas de maneira circular, no fenômeno do padrão interacional, onde A produz B e B mantém A.
A complementariedade entre o MRI e a terapia estratégica de Jay Haley
O que diferencia os modelos sistêmicos de outros modelos criados a partir de outros marcos teóricos é que eles entendem comportamentos incompatíveis como o produto de uma interação, e não apenas como resultado de variáveis de personalidade.
No Instituto de Pesquisa Mental (MRI), eles entendem que os problemas aparecem porque as pessoas automatizam sequências interativas mal adaptadas que se repetem. A terapia estratégica observa que os problemas surgem quando há uma distribuição particular do poder dentro do sistema familiar.
Outra diferença entre a terapia estratégica e o MRI é que este último compreende que as soluções experimentadas que não funcionam são aquelas que mantêm o problema. Portanto, os problemas são, em parte, o resultado de tentativas malsucedidas de resolução.
No entanto, Jay Haley, com sua terapia estratégica, entende que os sintomas desempenham um papel, mesmo que não seja adaptativo. É por isso que os sintomas podem ser entendidos como uma maneira disfuncional de comunicar algo.
Em suma, trata-se de considerar que vivemos em um contexto social e, portanto, influenciamos e somos influenciados por ele. Focar em uma terapia psicológica excluindo seu ambiente social é como tentar estudar um animal sem conhecer o ambiente em que ele está inserido.