O que é o lócus de controle em psicologia?

O lócus de controle se refere à percepção que uma pessoa tem sobre as causas do que acontece na sua vida e a origem do seu próprio comportamento, que pode ser interna ou externa. Descubra mais sobre este conceito interessante.
O que é o lócus de controle em psicologia?
Marián Carrero Puerto

Escrito e verificado por a psicóloga Marián Carrero Puerto.

Última atualização: 27 janeiro, 2023

O lócus de controle (LC) é um termo amplamente utilizado no campo da psicologia, principalmente nos últimos anos. É usado para se referir à percepção que uma pessoa tem sobre as causas do que acontece na sua vida: ou seja, em que medida ela é considerada responsável pela origem do comportamento? Ela é externa ou interna?

Nesse sentido, o lócus de controle está relacionado com as implicações psicológicas do ponto de vista que uma pessoa adota e com a sua forma de interagir com o meio. A seguir, vamos analisar as principais características desse conceito.

“As pessoas que acreditam ter o poder de exercer algum grau de controle sobre suas vidas são mais saudáveis, mais eficazes e mais bem-sucedidas do que aquelas que não acreditam na sua capacidade de fazer mudanças em suas vidas.”
-Albert Bandura-

O lócus de controle

Rotter, em 1966, propôs o conceito de lócus de controle (denominado com a palavra latina para ‘lugar de controle’) como um traço de personalidade em sua teoria da aprendizagem social. No entanto, acredita-se que outros autores já tivessem se referido ao LC, de forma menos explícita, alguns anos antes.

Assim, Rotter o definiu em 1966 da seguinte maneira: “Se a pessoa percebe que o evento depende do seu comportamento ou das suas próprias características relativamente permanentes, diz-que que esta é uma crença no controle interno.”

Por outro lado, o autor também afirmou que “quando um reforço é percebido como decorrente de alguma ação pessoal, mas não sendo inteiramente contingente a ela, é tipicamente percebido, em nossa cultura, como resultado da sorte (…), e neste sentido, já foi dito que é uma crença no controle externo”. (Visdomine-Lozano e Luciano, 2006).

Mulher pensativa em lago

Como podemos ver, Rotter estabeleceu uma clara diferença entre o controle interno e o controle externo. Assim, quando a pessoa atribui o que acontece externamente ao seu comportamento e percebe que tem controle sobre as consequências externas, ela teria um lócus de controle interno. Por outro lado, se ela acredita que o que aconteceu foi por sorte, acaso ou destino, ou seja, que o que aconteceu é independente do seu comportamento, ela manifestaria um lócus externo de controle.

Portanto, esse conceito é bastante importante, pois se uma pessoa acredita que o que acontece ao seu redor não depende dela, é difícil agir para mudar. Assim, ocorre uma espécie de paralisia que impede as pessoas de agirem ou atingirem os objetivos e metas propostos.

Existem duas extremidades do continuum ao longo das quais uma pessoa pode localizar o ‘lugar de controle’ ou origem causal do que acontece com ela: o interno e o externo a si mesma.

Qual é a diferença entre o LC interno e o LC externo?

Como vimos antes, se uma pessoa tem um lócus de controle interno, ela perceberá a causa do sucesso ou do fracasso como algo interno a si mesma.

Essas pessoas, em geral, confiam nas suas habilidades, esforços e capacidade de persistir em uma tarefa para alcançar o resultado desejado.  Além disso, isso pode levá-las a pensar que os resultados a serem obtidos podem ser controláveis, de modo que seria possível tentar atingir quase qualquer objetivo.  

Em relação ao lócus externo de controle, a pessoa geralmente percebe que os resultados das suas ações e comportamentos dependem de causas ou fatores externosPortanto, ela tenderá a presumir que o resultado dos seus esforços não dependerá de si mesma.
Assim, as pessoas com um LC externo desenvolvido terão expectativas pouco estáveis, e mais do que esperar um resultado por terem lutado por ele, irão esperá-lo como um desejo que pode ser suscetível a ser cumprido ou não. Desta forma, provavelmente depositarão uma certa esperança na possibilidade de que ocorra, embora sem a segurança de que irão conseguir.
Por exemplo, no âmbito dos estudos, os alunos caracterizados por uma predominância de LC interno desenvolverão uma alta autoestima e manifestarão expectativas otimistas em relação ao futuro. Nesse sentido, sua autoestima envolveria sentimentos de autoaceitaçãorespeito e amor por si mesmos.
Por outro lado, os alunos com um LC predominantemente externo irão atribuir seus sucessos ao destino ou à sorte. Portanto,  será difícil para eles acreditar que o sucesso depende diretamente deles e das suas ações em um determinado momento, o que pode levar à ideia de que não vale a pena planejar o futuro. 
Jovem estudando focado
Como podemos ver, a competência de eficácia – o grau em que uma pessoa se avalia como eficaz para atingir seus objetivos – está intimamente ligada à noção de internalidade. Isso ocorre porque as atribuições internas contribuem mais do que qualquer outra para aumentar a autoestima.
Por outro lado, a externalidade não deve necessariamente ser prejudicial à autoestima, uma vez que pessoas com lócus de controle externo tendem a não se sentirem responsáveis ​​por não conseguirem o que realmente desejam.
“Você pode viajar pelo mundo, mas terá que voltar a si mesmo.”
-Krishnamurti-

Como podemos melhorar nosso lócus de controle?

Praticar o mindfulness ou a atenção plena fornece clareza ao lidar com situações que surgem no dia a dia. Na verdade, existem estudos (como o realizado por Hamarta, E. et al. em 2013, publicado no International Journal of Academic Research) que demonstram a eficácia dessas abordagens e nos quais essa técnica é referida como um preditor do lócus de controle.

Assim, a prática diária de mindfulness por 20 minutos pode trazer benefícios positivos a vários aspectos do nosso dia a dia, e entre eles, colaborar para facilitar a disposição para um LC adequado para cada uma das diversas situações que nos são apresentadas.

Todas as fontes citadas foram minuciosamente revisadas por nossa equipe para garantir sua qualidade, confiabilidade, atualidade e validade. A bibliografia deste artigo foi considerada confiável e precisa academicamente ou cientificamente.


  • Rotter, J. B. (1966). Generalized expectancies for internal versus external control of reinforcement. Psychological monographs: General and applied80(1), 1.
  • Visdómine-Lozano, J. C., & Luciano, C. (2006). Locus de control y autorregulación conductual: revisiones conceptual y experimental. International Journal of Clinical and Health Psychology6(3).

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