5 maneiras pelas quais o fechamento cognitivo influencia nossas vidas

Em tempos de incerteza e complexidade, o fechamento cognitivo é um bom aliado. É um processo altamente relevante que intermedeia seu bem-estar de várias maneiras. Descrevemos como.

Escrito e verificado por a psicóloga Valeria Sabater.

Última atualização: 06 agosto, 2023

As diferentes formas pelas quais o fechamento cognitivo influencia nossas vidas são tão significativas quanto curiosas porque se há algo de que o ser humano precisa, é encontrar sentido em boa parte do que lhe acontece. Vivemos em um mundo incerto e mutável onde a mente se esforça além das palavras para obter significado de cada evento.

Afinal, poucas coisas nos trazem tanto alívio quanto encontrar a resposta para um “por quê?” daquelas experiências ambíguas e confusas, relacionamentos, trabalho e lacunas existenciais.

Somos constantes buscadores de sentido e isso, como apontou Viktor Frankl, tem impacto direto em nossa saúde mental. Vamos nos aprofundar nisso.

Se existe uma habilidade saudável na vida cotidiana, é tentar resolver problemas rapidamente, encontrando respostas para estímulos incertos.

Maneiras como o fechamento cognitivo influencia nossas vidas

O fechamento cognitivo define a necessidade de ter uma resposta ou explicação para aquelas experiências dominadas por incertezas. O cérebro não costuma tolerar muito bem a incerteza e, por isso, um de nossos comportamentos mais frequentes é buscar a todo custo respostas que amenizem as confusões e os quebra-cabeças vitais do dia a dia.

A título de curiosidade, convém referir que este é um conceito da psicologia da Gestalt. Com ele, foi descrito aquele processo perceptivo e cognitivo através do qual as pessoas concluem mentalmente figuras incompletas. Foi em 1996 que o psicólogo social Arie Kruglanski cunhou o termo “necessidade de fechamento”, explicando esse processo na Psychological Review.

Vamos entender, a seguir, as maneiras pelas quais o fechamento cognitivo influencia nossas vidas de maneira positiva.

1. Facilita a tomada de decisões

Quando nos encontramos numa encruzilhada pessoal, só uma boa tomada de decisão nos permite sair desse desafio inesperado. É nesses contextos que o fechamento cognitivo nos ajuda significativamente.

A Universidade de Buenos Aires destaca em um artigo a relevância desse processo. Vejamos, de imediato, os seus benefícios:

• Motiva e incentiva a busca de soluções.
• É acompanhado por uma valência emocional positiva e esperançosa.
• Permite formular mais hipóteses diante de uma incerteza ou situação ambígua.
• Encontrar uma resposta ou solução é seguido pelo estabelecimento de um novo aprendizado que nos dará experiência.

2. Gerenciamos melhor as dificuldades em questões afetivas

Imagine que você está namorando alguém há dois meses. Você conheceu a pessoa em um aplicativo de namoro e tudo parece bem até que, de repente, ela desaparece e seu mundo desmorona. Quando você está sendo vítima de ghosting, há uma necessidade desesperada de respostas.

No entanto, ter uma boa competência em fechamento cognitivo nos permitirá navegar melhor nessas experiências desesperadas. Uma das maneiras pelas quais esse fechamento influencia nossas vidas tem a ver com a esfera afetivo-sexual. Os mecanismos em que geralmente nos favorece são os seguintes:

• Reduz o sofrimento emocional.
• Impulsiona a aceitação quando um vínculo é quebrado.
• Ajuda a encontrar um significado (aprendizagem) para aquela experiência.
• Permite buscar explicações razoáveis em momentos de dúvida e insegurança.
• Fica mais fácil dar um “fechamento” a uma fase e avançar melhor nos lutos após uma separação.

3. Regulação mais otimizada do estresse

Outra influência do desligamento cognitivo em nossas vidas é a saúde mental. Todos nós sabemos, por exemplo, o que significa viver com a sombra da incerteza em nossos horizontes. Não sabemos se vamos perder o emprego, se vamos atingir metas e se quem diz que nos ama hoje nos deixa amanhã.

Uma publicação na Neuroscience and Biobehavioral Reviews indica que a incerteza é aquela experiência que hiperativa a ínsula e a amígdala, regiões ligadas ao estresse e à sensação de ameaça. Ter uma boa capacidade de exercer o fechamento cognitivo contribui nas formas que listamos abaixo:

• Filtramos a realidade de forma mais objetiva e menos emocional.
• A sensação de incerteza é racionalizada ao se pensar em novas estratégias de ação.
• Traçamos significados vitais para despertar em nós positividade e esperança.

4. Benefícios na sua vida profissional

Nossos trabalhos são dominados, por vezes, por variáveis um tanto confusas. Às vezes temos um objetivo a alcançar, mas não sabemos como. O ambiente de trabalho pode ser um tanto caótico, a competitividade muito alta e os tempos de execução muito curtos.

Além disso, há momentos em que até mesmo nossa responsabilidade de trabalho deixa de ter um significado claro. Como o fechamento cognitivo pode nos ajudar? Nós te explicamos:

• Você tomará melhores decisões.
• Você gerenciará o estresse no trabalho de maneira ideal.
• Uma abordagem mental orientada para o fechamento cognitivo permite que você tenha mais disciplina.
• Você poderá encontrar respostas e novas ideias nesses momentos de incerteza e caos.
• Isso torna mais fácil lembrar o significado que seu trabalho tem para você. Dessa forma, você recupera sua motivação.

5. Uma boa estratégia em momentos de crise existencial

Este dado é interessante. Em Frontiers in Psychology, é destacado que parte de nossa sociedade, como os millennials, está procurando por um propósito na vida mais do que nunca. Depois de encadear tantas crises e com tantos desafios globais, é comum sentir um certo desafeto e conflito existencial.

Entre as formas pelas quais o fechamento cognitivo influencia nossas vidas, a esfera da perda de sentido, sem dúvida, se destaca. Se fôssemos iniciados desde cedo em tal competição, poderíamos lidar melhor com essas experiências, por exemplo, das seguintes maneiras:

• Motiva a tecer novas ideias, objetivos e propósitos para acabar com aquela angústia existencial.
• Incentiva a busca de respostas em momentos de ambiguidade e confusão.
• Simplifica o desenvolvimento de uma abordagem mental mais proativa, para superar o desamparo ou a estagnação.

O que acontece se não conseguirmos desenvolver um bom fechamento cognitivo?

O psicólogo Arie Kruglanski criou a “Need for Closure Scale” na década de 1990, para avaliar essa competência na população. Décadas depois, pesquisas como a publicada na Psychologica belgica, relatam que esse instrumento ainda é útil. Na verdade, podemos comparar esse fator em diferentes culturas e nacionalidades.

Por outro lado, sabemos que existem muitas maneiras pelas quais o fechamento cognitivo influencia nossas vidas. No entanto, o que acontece se uma pessoa não absorvê-lo de maneira ideal? Caso não tenhamos boas habilidades nessa dimensão, teremos um risco maior de sofrer problemas de saúde mental, como estresse, ansiedade ou depressão.

A perda de sentido nos corrompe as amarras psicológicas e a motivação e diminui a capacidade de realização. Se não encontrarmos respostas para essas experiências dominadas por confusões ou incertezas, o mundo parecerá um lugar ameaçador.

Encontrar nossos significados em momentos de adversidade funcionará como aquele leme capaz de nos guiar nos momentos mais sombrios.

Como desenvolver um bom fechamento cognitivo?

Devemos desenvolver um fechamento cognitivo flexível e saudável, capaz de compreender que sempre haverá realidades que não têm explicação. Neste mundo, nem tudo tem um significado claro, a adversidade sempre tem um componente caótico que deve ser aceito. Além desse detalhe, vamos refletir sobre como estabelecer essa ferramenta de vida.

Diante de um problema, evite ficar preso e não caia em pensamentos catastróficos. Para isso, é conveniente aplicar uma abordagem mental resiliente e racional. Servem como técnicas pensar em dez soluções para o mesmo problema ou tentar dar explicações objetivas para o que traz angustia em sua vida. Vale também esclarecer seus valores e propósitos na tomada de decisões.

Para concluir, uma mente aberta, flexível e que regula bem as emoções é uma mente saudável. Todos nós podemos treinar esse universo interno para passar por essa realidade incerta com maior eficiência. Coloque em prática.