Mentiras brancas, compulsivas ou patológicas: como são as suas?
Poucas coisas semeiam tanto a desconfiança como as mentiras. Se você perguntar a outras pessoas, elas dirão que ninguém gosta da companhia de um mentiroso. No entanto, a verdade é que, socialmente, nós temos algumas mentiras justificadas; nós as conhecemos como mentiras brancas e todas as pessoas as usam até certo ponto.
Um estudo realizado pela Universidade de Massachusetts descobriu que 60% dos adultos não conseguem ter uma conversa de mais de dez minutos sem dizer uma mentira.
Isso no caso de já se conhecerem, porque do contrário, se é a primeira vez que se falam, a média sobe para três mentiras durante os primeiros dez minutos.
Parece que uma das verdades mais incômodas é o fato do ser humano mentir quase desde o nascimento.
Este estudo foi realizado antes da criação das redes sociais. O Facebook e o Twitter provavelmente multiplicaram esses dados, já que proporcionam uma estrutura na qual as oportunidades de dizer mentiras são maiores e têm muito mais difusão.
Embora muitos culpem os meios digitais como responsáveis pelas mentiras, a verdade é que eles simplesmente amplificaram a disposição humana de contá-las.
O psicólogo Paul Ekman, especialista no estudo das expressões faciais, já nos alertava que a mentira é uma das características centrais da vida.
Mentiras brancas
Quase desde que as crianças aprendem a falar, elas começam a usar palavras para enganar. Começam com as mentiras mais simples que se desenvolvem entre os dois e três anos, para chegar aos três ou quatro anos sendo capazes de elaborar mentiras muito mais sofisticadas.
Na psicologia do desenvolvimento, embora pareça uma contradição, este é considerado um sinal de inteligência social.
As crianças, e muitos adultos, lidam de forma natural com as mentiras brancas, consideradas como meras instruções inofensivas destinadas a proteger os sentimentos próprios e alheios. Digamos que poderiam ser tratadas como o lubrificante que suaviza a engrenagem que faz a sociedade funcionar.
Verdades e mentiras
Parece que, como seres humanos, não nos diferenciamos por dizer verdades ou mentiras. O grau e o tipo de mentira que dizemos é o que realmente nos diferencia uns dos outros.
Desde um “eu estou bem”, quando na realidade não estamos, até inventar uma desculpa por ter chegado atrasado, chegando à mentira mais cruel e interessada: possuímos um amplo espectro de graus e tipos de mentiras.
Parece que a necessidade de atender às expectativas dos outros é o que leva o ser humano a mentir. Além disso, vivemos, crescemos e educamos em pura contradição.
Dizemos às crianças que elas não devem mentir, ao mesmo tempo em que insistimos que simulem alegria diante do presente de aniversário da avó, mesmo que não gostem dele.
Nossa sociedade poderia entrar em colapso se não pudéssemos confiar que as pessoas ao nosso redor não mentem, mas a sociedade provavelmente não se sustentaria se disséssemos sempre a verdade.
Mentiras compulsivas
Há pessoas que, além do uso de mentiras brancas, adornam suas vidas com uma série interminável de anedotas, fatos ou histórias inventadas ou falsas, que não correspondem à realidade.
São pessoas que se tornaram viciadas em suas próprias histórias fantásticas porque sofrem de uma insegurança profunda. Geralmente, os únicos prejudicados por esse tipo de mentira são elas mesmas. Estes são os mentirosos compulsivos.
Mentiras patológicas
Esse tipo de mentiroso está começando a ser considerado uma espécie separada. Frios e calculistas, suas mentiras contêm objetivos e interesses específicos, geralmente egoístas. São mentiras manipuladoras e astutas.
Esses tipos de mentiras, ao contrário das mentiras brancas, são usadas por pessoas que baseiam suas vidas nelas. Seus enganos afetam negativamente os outros e causam danos profundos às vítimas.
Através de alguns estudos, hoje sabemos que os mentirosos patológicos têm mais matéria branca na área pré-frontal do cérebro. Em termos gerais, a matéria branca está ligada a conexões mais rápidas, a um maior fluxo de pensamento e a uma maior fluência verbal.
Além disso, eles têm dificuldades de empatia e pouca atividade nas áreas responsáveis pelas emoções.
Ninguém se sente bem mentindo, e a maioria de nós não gosta de mentir. Usamos as mentiras brancas para nos proteger ou proteger os outros. Ou é isso que todos nós queremos acreditar.
No final, acima de dogmas ou máximas, cada um é obrigado a enfrentar um debate interno sobre a verdade, optando por uma posição que seja sensível às circunstâncias.
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