O silêncio pode mudar a sua vida

Ficar parado e mergulhar no silêncio é um caminho para nos reencontrarmos com o essencial. Esquecemos que uma mente e um coração em paz são a única maneira de alcançar o equilíbrio e, com ele, o bem-estar.
O silêncio pode mudar a sua vida
Gema Sánchez Cuevas

Escrito e verificado por a psicóloga Gema Sánchez Cuevas.

Última atualização: 21 junho, 2020

O silêncio é a maneira mais simples e natural de aquietar a mente e acalmar as emoções. Essa é uma verdade muito simples, com consequências muito profundas. É incrível o que podemos alcançar se basicamente aprendermos a ficar em silêncio, sem nos movermos. Não como um ato de contenção ou repressão, mas como uma maneira inteligente de contornar todos os tipos de situações.

Não é exagero dizer que a vida de qualquer pessoa pode mudar se ela conseguir fazer com que o silêncio ocupe um lugar central. Com ele, é possível evitar inúmeros conflitos, obter clareza e alcançar o equilíbrio. Muitos conhecedores definem o zen precisamente como a capacidade de permanecer em silêncio e de ficar quieto.

“Os rios mais profundos são sempre os mais silenciosos.”
-Curcio-

Atualmente, tudo parece ir contra a tranquilidade, o silêncio e os modos de vida simples. Pelo contrário, nos cercamos de estímulos, experiências e barulho, muito barulho. O ser humano permanece em uma atitude de acumulação que leva a estados de inquietação. Acabamos nos sentindo insatisfeitos, não importa quantas experiências, amores, dinheiro ou sucessos tenhamos acumulado. O motivo é apenas um: esquecemos o que é essencial.

Bombardeio de estímulos

Embora todos os avanços da ciência e da tecnologia tenham ocorrido para resolver problemas e simplificar a vida, eles fracassaram. E foi assim porque a simplicidade é um conceito que está na mente e no coração das pessoas, não em um aparelho ou ferramenta.

Mulher segurando nuvem nas mãos

Muitas das invenções contemporâneas existem, fundamentalmente, para economizarmos tempo. Tempo é vida e o intuito é que não desperdicemos esse bem valioso realizando ações mecânicas que pouco ou nada contribuem para o nosso crescimento. No entanto, em vez de aproveitar essa oportunidade maravilhosa, acabamos fazendo desse tempo livre um espaço para a compulsão, ações banais e automatismos.

É como se tivéssemos medo de deixar momentos ou espaços em branco. Estamos obcecados em preencher os vazios. Essa é a razão pela qual o silêncio também se tornou intolerável para muitas pessoas. Elas acreditam que sempre devem reagir, dizer alguma coisa, ou esperam que alguém o faça.

Você precisa ver como algumas pessoas ficam aterrorizadas quando não têm o celular ao seu lado! Isso supõe um silêncio na infinita interação virtual que elas mantêm.

Uma vida simples

Nós complicamos a vida de forma desnecessária. Nos enchemos de objetos, desejos e ações completamente inconsequentes. Às vezes, quando sentimos o peso de tudo isso, acabamos tentando adquirir outro objeto ou outra experiência para afastar esse desconforto. Esquecemos que a chave não é adquirir ainda mais coisas, mas livrar-nos do que sobra.

Uma vida simples é aquela em que você tem e faz o que é necessário. Comer quando tivermos fome e parar de comer quando estivermos satisfeitos. Dormir quando estivermos com sono e acordar quando necessário. Trabalhar, amar, desfrutar de momentos de lazer, nos dedicar aos momentos de trabalho…

A simplicidade está em voltar ao que é essencial. Parte do segredo para conseguir isso é dar espaço para o silêncio. Esse é o caminho para que a mente e o coração adquiram um ritmo mais lento. Somente assim podemos reconhecer o que está dentro de nós.

Mulher plena de olhos fechados

O silêncio e a sua riqueza

O silêncio tem a capacidade de mudar nossas vidas, porque através dele nos reencontramos com o essencial de nós mesmos. O mestre zen Jorge Bustamante aponta que o silêncio e a quietude andam de mãos dadas. Como podemos ficar quietos? Simplesmente deixando de nos mover. Assim, a quietude interior virá por si própria.

Nosso problema não são as coisas que não temos, nem os amores que nos deixam, nem as posições ou experiências que não conseguimos alcançar. O problema está nesse desejo frenético e equivocado de conseguir algo externo para que nosso mundo interno fique em paz. É um saco sem fundo no qual sempre haverá lugar para mais alguma coisa e nunca sentiremos a sensação de que é o suficiente.

O silêncio e a quietude contribuem para acalmar esse desejo caótico e insaciável e favorecem o estado de paz interior de que tanto precisamos. Eles nos ajudam a diferenciar o essencial do desnecessário. Isso se traduz em uma maior clareza interna, maior lucidez e, é claro, em melhores ações e decisões. O silêncio também fala conosco; por que não ouvi-lo?


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  • Noelle-Neumann, E. (1995). La espiral del silencio. Barcelona: Paidós.

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