13 perguntas que machucam, mas que você deveria se fazer

Existem questões incômodas que deveríamos analisar para nos conhecermos melhor. São perguntas que podem revelar áreas psicológicas que negligenciamos.
13 perguntas que machucam, mas que você deveria se fazer
Valeria Sabater

Escrito e verificado por a psicóloga Valeria Sabater.

Última atualização: 22 dezembro, 2022

Certas perguntas machucam, preferimos evitá-las, contorná-las ou não abordá-las porque questionam parte de quem somos. Todos nós temos áreas sensíveis que não queremos que ninguém toque, muito menos descubra. É como se a armadura que nos permite ser fortes e até funcionais diante dos outros fosse removida. No entanto, por trás desse escudo, esconde-se um eu frágil e vulnerável.

No entanto, é saudável trazer à luz os espaços que deixamos na sombra psicológica. Conscientizar-se dos medos, inseguranças, nós emocionais e pensamentos atravessados é recomendado. São convites à introspecção, ao processo de reflexão informal que é tão básico para higienizar certas áreas internas de nós mesmos.

Por mais curioso que pareça, esse tipo de exercício já foi proposto por Wilhelm Wundt, que é considerado o pai da psicologia científica. Fazer perguntas a nós mesmos e praticar a introspecção facilita o poder de aprofundar em dimensões como os pensamentos, emoções e imagens mentais que moldam nossas narrativas.

Por que não começar hoje? Essas perguntas simples nos podem ser úteis.

Praticar a conversa interna e nos fazer perguntas difíceis de tempos em tempos permite tornar-nos mais autoconscientes em meio a um mundo cada vez mais acelerado.

Garoto entediado no sofá
Fazer perguntas a nós mesmos permite que nos conheçamos melhor.

Perguntas que machucam, mas que valem a pena fazer

Refletir sobre nós mesmos e o que nos cerca é uma prática saudável. No entanto, é importante fazer isso corretamente.

Timothy D. Wilson, psicólogo social da Universidade da Virgínia e especialista em mente inconsciente, autoconhecimento e tomada de decisões, apresenta um ponto interessante em seu livro Strangers to Ourselves, 2004.

Conhecer a nós mesmos não requer apenas que nos façamos perguntas que machucam ou viajar sozinhos. Não somos apenas o que pensamos, somos também o que fazemos. Portanto, também é importante perguntar aos amigos, familiares e parceiros como eles nos veem. É possível que outros nos revelem aspectos dos quais nem sempre temos consciência…

No entanto, sugerimos que você comece essa jornada de autoconhecimento e revelação fazendo a si mesmo uma série de perguntas. Na verdade, não se trata de respondê-las rapidamente. Não é um exercício de inteligência usando papel e lápis, é uma tarefa de reflexão.

1. O que você está deixando de fazer por medo?

Os medos são como arame farpado para o bem-estar e a realização pessoal. Embora seja verdade que muitas vezes eles servem como um mecanismo de sobrevivência necessário, há momentos em que damos poder a medos claramente irracionais.

A única maneira de desativá-los e sentir-nos livre para crescer e atingir objetivos é tendo consciência deles.

2. O que é mais importante para você… Que os outros amem/admirem você ou que você se ame?

É muito possível que, ao ler esta pergunta, a maioria de nós responda “bem, os dois!”. É verdade que a felicidade e a satisfação residem, em partes iguais, em receber afeto dos outros e em bons níveis de amor próprio. Pois bem, o problema é que, às vezes, focamos mais em uma área do que em outra.

Não é saudável depender da admiração e do afeto dos outros para se sentir bem. Tampouco o é amar-se de modo excessivo, negligenciando os outros.

3. Qual é a diferença entre o seu “eu público” e o seu “eu privado”?

Essa é uma daquelas perguntas que machucam, mas que todos deveríamos nos fazer. Nós nos comportamos da mesma forma em público e em privado? Somos camaleões sociais que sempre procuramos nos misturar com os outros para nos sentirmos integrados?

Vamos manter isso em mente, nos esforçarmos para ser o que não somos apenas para agradar e nos sentirmos aceitos traz unicamente sofrimento.

4. Você está se esforçando para atender às expectativas de outras pessoas?

Nunca é demais refletir sobre os esforços presentes, sobre os objetivos e atividades a que dedicamos nosso tempo. Esses objetivos que esperamos alcançar realmente nos satisfazem e nos entusiasmam? Ou são, talvez, as expectativas dos outros que nos forçamos a atender para satisfazer?

5. Você está idealizando alguém?

As pessoas idealizam quando estão apaixonadas e também quando admiram excessivamente alguém. Atribuir traços e características positivas a alguém só porque gostamos ou somos atraídos por ela é muito comum.

Nada é mais importante nesses casos do que ser consciente deles e aplicar um olhar mais objetivo e com menos filtros.

6. Você acha que está adotando algum comportamento negativo?

Outra das perguntas que machucam que deveríamos nos fazer é esta. Existem muitos comportamentos autodestrutivos em que podemos estar presos agora e que não queremos ver. Um exemplo disso é o desamparo, pensar de forma obcecada, por exemplo, que façamos o que fizermos, nada vai melhorar (não vou conseguir emprego, não vou conseguir sair dessa relação prejudicial, etc.).

Também não devemos ignorar comportamentos como transtornos alimentares (TA), abuso de álcool, dependência excessiva de telefones celulares, etc. Aceitar que estamos envolvidos em comportamentos não saudáveis é uma prioridade.

7. Existe alguém que não te valoriza, mas que você tem dificuldade em deixar?

Amigos, parentes e até parceiros… Em nossa vida podemos ter uma ou várias pessoas que não nos apreciam como merecemos, que não nos valorizam. Talvez seja hora de tomar uma decisão.

8. Você acha que há algo do seu passado que ainda não resolveu?

A partir do campo da saúde mental, a atenção é sempre colocada no aspecto do trauma. Somos uma sociedade que arrasta consigo mais de um evento doloroso do passado que não foi resolvido. Uma infância cheia de maus-tratos ou falta de afeto é um exemplo. O bullying escolar ou o assédio no local de trabalho são dimensões igualmente relevantes.

Mulher pensativa não sabe o que comprar para o jantar
É necessário pensar naqueles aspectos do nosso passado que ainda não superamos.

9. Você se ama e se respeita como realmente merece?

Como anda sua autoestima ultimamente? E o seu amor próprio? É importante lembrar que essas dimensões não são estáveis ao longo do tempo. É comum que enfraqueçam, flutuem em decorrência de experiências complicadas. Reflita sobre como você se sente, como você se percebe…

10. Você realmente sabe cuidar de um relacionamento?

Essa é uma daquelas perguntas que machucam e que, no entanto, todos devemos nos fazer. Muitas vezes carregamos conosco padrões disfuncionais que vimos em nossa família. Outras vezes, validamos alguns mitos, como o amor romântico, que só nos traz sofrimentos e incompreensões.

Os relacionamentos exigem atenção diária, respeito, boa comunicação e o ingrediente mais importante de todos: confiança.

11. Você está culpando os outros por coisas que são de sua responsabilidade?

Nem todos vão se aprofundar nessa questão. Porque é desconfortável, porque não é fácil e nem sempre é bem compreendida. Muitas vezes, tendemos a culpar nossa família e sociedade pelo que nos acontece.

Pode ser que nossa baixa autoestima e traumas sejam a origem de uma família disfuncional. Pode ser também que a nossa atual condição de desemprego se deva ao contexto social presente. Porém, independente do que tenha acontecido conosco, é nossa responsabilidade (e somente nossa) agir diante de tudo aquilo que nos acontece.

12. Você está trabalhando em seus sonhos/objetivos ou está esperando um golpe de sorte?

Há pessoas que esperam que o destino traga à sua porta tudo o que querem e desejam. Esquecem que atingir metas exige esforço diário, motivação, persistência e planejamento.

13. Você administra suas emoções ou se deixa levar por elas?

Não podemos concluir nossa lista de perguntas que machucam sem aprofundar no aspecto das emoções. É outra área negligenciada, aquela em que nem sempre nos capacitamos como deveríamos. Sejamos sinceros… Como você lida com emoções de valência negativa? Você se deixa levar pela raiva ou pela ira ou sabe como regulá-las? Fazê-lo efetivamente é positivo para o seu bem-estar.

Para concluir, nunca é demais conversar com nós mesmos e aprofundar nessas questões. Talvez iremos perceber que existem pequenas áreas que requerem nossa atenção…


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  • Galperin, A. y Haselton, MG (2010). Predictores de la frecuencia y el momento en que las personas se enamoran. Psicología Evolutiva, 8 .

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