O que a psicologia industrial estuda e qual a sua importância?

Esse ramo da psicologia é peça-chave para o funcionamento das organizações. Neste artigo, discutiremos a história e os acontecimentos atuais dessa disciplina.
O que a psicologia industrial estuda e qual a sua importância?

Última atualização: 31 agosto, 2024

A psicologia industrial é a disciplina responsável pela análise, explicação e controle do comportamento humano em ambientes profissionais. Apesar de ter uma curta tradição de existência, conheceu um enorme crescimento nas últimas décadas.

E o trabalho é uma das partes mais importantes de nossas vidas. É por isso que tanto os colaboradores como os chefes estão interessados em compreender a mente humana, de forma a potenciar o desempenho, bem como o bem-estar e a felicidade das equipes. Por todos esses motivos, para ampliar seu conhecimento, a seguir revisaremos esse tema.

História da psicologia industrial

Para encontrar as origens desse ramo da psicologia, temos que voltar ao início do século passado. Os psicólogos Hugo Münsterberg e Walter Dill Scott são considerados os fundadores, com base nos seus estudos experimentais nos quais aplicaram os princípios da psicologia na seleção e formação dos melhores trabalhadores.

Mas, tal como acontece em muitas disciplinas científicas, os maiores avanços nesse campo surgiram após as guerras mundiais. Em 1914, para classificar milhões de recrutas, o Exército dos EUA elaborou dois testes de inteligência geral (Army Alpha e Army Beta). Esse evento marcou o nascimento definitivo da psicologia industrial.

Na década de 1920, os estudos voltaram-se mais para a forma como as condições físicas dos empregos e as relações humanas impactam o desempenho no trabalho. Nessa área, destacam-se os experimentos Hawthrone realizados na fábrica da Western Electric Company-Illinois. Isso deixou claro como as condições sociais e relacionais do ambiente de trabalho são muito mais importantes do que as físicas e estruturais.

Durante a Segunda Guerra Mundial, em 1944, a APA (American Psychological Association) reconheceu a natureza científica da psicologia industrial e criou a Divisão 14.

Já na década de 70, a tendência mudou e o foco deixou de ser na produtividade para se concentrar em variáveis como o bem-estar, a inteligência emocional ou a liderança informal. Supõe-se que estão intimamente relacionadas com o desempenho e que não são apenas as competências técnicas que importam. Até hoje, os estudos nesse sentido continuam.



O que a psicologia industrial procura?

Como mencionamos anteriormente, esse ramo da psicologia investiga o comportamento do ser humano em ambientes de trabalho a partir de uma perspectiva científica. Suas áreas de atuação e estudo são múltiplas. Entre os objetivos perseguidos por essa disciplina destacam-se:

  • Analisar cargos: quais são as funções, competências, aptidões e atitudes que um funcionário deve ter para desempenhar de forma otimizada as tarefas exigidas por determinado cargo.
  • Selecionar pessoal: definidos os requisitos necessários, é hora de procurar o candidato com tais características. Graças às técnicas e instrumentos, é possível atingir este objetivo de forma eficiente.
  • Formar profissionais: através desse ramo da psicologia, promove-se a formação constante dos trabalhadores para se adaptarem a um mundo em constante mudança. Isso envolve aprender habilidades emocionais e sociais, bem como técnicas.
  • Motivar e gerenciar sistemas de recompensa: além do salário, trata-se de especificar quais são as principais motivações de uma pessoa para que desempenhe suas funções com satisfação. Como, por exemplo, incentivos, bônus, dias de férias, elogios ou reconhecimento público.
  • Avaliar o desempenho: crie métodos e sistemas que permitam uma medida quantitativa do desempenho do trabalhador. É uma forma de ajudar a empresa a saber se os objetivos individuais e empresariais estão sendo alcançados. Também ajuda os gestores a saber se os sistemas de motivação ou o processo de seleção estão funcionando.
  • Adaptar a vaga ao trabalhador: essa é uma disciplina que trata da relação entre seres humanos e máquinas ou sistemas despersonalizados. Por isso, entre as tarefas dessa área, destaca-se a necessidade de adaptar as características do trabalho às condições do trabalhador. A introdução de pausas na atividade ou estrutura de determinadas equipes tem em conta o fator humano no ambiente de trabalho.

O que um psicólogo industrial faz?

O psicólogo dentro da empresa tem a missão de descrever, prever, explicar e controlar o comportamento dos trabalhadores, tanto nas tarefas individuais como em grupo. Posiciona-se como intermediário entre a empresa e a pessoa, para que ambas atinjam seus objetivos de forma satisfatória, melhorando assim o ambiente de trabalho.

Funções do psicólogo industrial

Com o tempo, as funções do psicólogo industrial se expandiram de acordo com o que as tendências de pesquisa e desenvolvimento consideravam o novo foco de atenção. Portanto, não é fácil defini-las todas. Como exemplo, citaremos algumas:

  • Aconselhar os gestores sobre estilos de liderança eficazes, tanto formais como informais.
  • Selecionar o pessoal para contratação com base na filosofia da empresa e nas características do cargo.
  • Promover a cultura própria da organização, fazendo com que os membros se sintam parte e não vivenciem isso de uma forma estranha.
  • Prevenir primeiramente os fatores associados ao transtorno mental comum que ocorre no trabalho: a síndrome de burnout.
  • Ajudar na resolução de conflitos. Até mesmo atuando como mediador ou árbitro quando é difícil chegar a uma solução compartilhada.
  • Acompanhar trabalhadores que estejam passando por uma situação pessoal complicada e que possa prejudicar seu desempenho.
  • Promover variáveis psicológicas ligadas ao desempenho no trabalho, como comunicação, criatividade ou trabalho em equipe.
  • Desenhar e aplicar instrumentos de coleta e análise de informação proveniente de diversas fontes; como entrevistas, testes, dinâmicas de grupo, situações de observação ou role-playing.

Formação de psicólogo industrial

Se você se sente atraído por essas funções e deseja se dedicar a essa área da psicologia, é pertinente que conheça a formação que possibilita tal profissão. A primeira coisa é obter o diploma ou bacharelado em Psicologia. Isso significa frequentar uma universidade durante quatro ou cinco anos, depende do sistema educacional de cada país.

Depois de concluir a graduação, é possível começar a trabalhar como recrutador ou técnico de seleção e promover internamente; ou optar por um mestrado especializado no assunto, como o Mestrado em Psicologia Organizacional e do Trabalho.

Em ambos os casos, chegar a esta posição exige uma extensa formação técnica e prática; além de habilidades que vão além como a capacidade de ouvir, empatia e ser muito observador.

Psicologia industrial e organizacional: são a mesma coisa?

O termo psicologia organizacional é frequentemente usado como sinônimo de psicologia industrial. Porém, no campo técnico há uma nuance que estabelece a diferença entre ambas.

Embora seja verdade que as duas tratam do comportamento no local de trabalho, em particular a industrial centra-se no indivíduo e no seu comportamento relacionado com o trabalho.

Por sua vez, a organização está interessada no todo. Ou seja, na dinâmica de toda a organização, ou empresa, e na forma como esta influencia as pessoas.



Qual é a importância da psicologia industrial?

Melhorar o desempenho e o ambiente de trabalho são os principais objetivos das empresas hoje. Para alcançá-los, é necessário contar com especialistas na área de psicologia industrial.

Além disso, não é apenas a produtividade que importa. É dada mais atenção aos aspectos que têm a ver com o bem-estar emocional das pessoas no trabalho: o que elas pensam e como se sentem em relação à empresa, suas funções e relações com os colegas.

Ligado ao acima exposto, outra área de estudo em expansão é a satisfação no trabalho. Sendo assim, não importa apenas se os funcionários estão satisfeitos ou não com seu trabalho, mas também quais variáveis administrar para favorecer esse sentimento.

Segundo estudo publicado na Revista Dilemas Contemporâneos, existe uma relação positiva entre satisfação, motivação e desempenho. Portanto, os gestores têm que saber operar essas três colunas para otimizá-las.

Psicologia é um pilar nas empresas

As corporações são essencialmente compostas por pessoas. Por isso, dentro delas é necessário contar com especialistas que entendam o comportamento e as relações humanas.

Os psicólogos industriais ajudam a empresa a atingir o seu potencial máximo, mas não só isso. Eles também garantem que a equipe esteja satisfeita e motivada com o que faz. Cumprir os objetivos de ambas as partes exige grande conhecimento teórico e experiência no setor.


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