V.S. Ramachandran: um gênio da neurociência

Neste artigo, vamos trazer os trabalhos de pesquisa mais relevantes desse extraordinário cientista. Vamos descobrir por que ele é tão importante e o que sabemos hoje graças a ele e sua equipe.
V.S. Ramachandran: um gênio da neurociência
Gema Sánchez Cuevas

Revisado e aprovado por a psicóloga Gema Sánchez Cuevas.

Escrito por Sonia Budner

Última atualização: 22 dezembro, 2022

Hoje, vamos fazer uma pequena incursão pela vida e o trabalho de V.S. Ramachandran, um nome de peso no campo da neurociência.

Ele ficou famoso por seus conhecimentos e sua divulgação nos campos da neurologia comportamental e da psicofísica visual. Autor de vários livros, ele realizou algumas das pesquisas mais importantes em neurociência dos últimos anos.

V.S. Ramachandran é professor de Psicologia e Neurociência na Universidade de Califórnia, em San Diego, nos Estados Unidos.

Suas publicações acadêmicas e seus livros o transformaram em um dos principais divulgadores da neurociência atual, obtendo por isso um importante reconhecimento profissional a nível mundial. Assim, ele é uma das 100 pessoas mais influentes na lista “Time 100”.

Suas principais contribuições giram em torno dos neurôniosespelho, os “membros fantasma”, a sinestesia, a teoria dos espelhos quebrados do autismo, a paralisia do sono e várias contribuições para o entendimento da consciência humana.

Cérebro sobre fundo cinza

Breve biografia de Ramachandran, um grande nome da neurociência

Infância e educação de Ramachandran

Vilayanur M. Ramachandran nasceu em 1951 em Tamil Nadu, na Índia. Como filho de um engenheiro das Nações Unidas que trabalhou como diplomata em Bangkok, a educação do pequeno Ramachandran se deu em escolas britânicas em Madras e Bangkok.

Depois de se formar em Medicina na Universidade de Madras, em Chennai, na Índia, ele concluiu seu doutorado na Universidade de Cambridge em neurociência experimental. Passou os anos seguintes em Caltech como pesquisador, trabalho que desenvolveu junto com Jack Pettigrew.

Em 1983 foi nomeado professor assistente de psicologia na Universidade de Califórnia, na qual permanece como professor titular até hoje.

Carreira científica de Ramachandran na neurociência

Suas primeiras pesquisas giraram em torno da percepção visual humana. No início dos anos 1990, Ramachandran focou as síndromes neurológicas, como o transtorno de integridade corporal, as extremidades fantasmas e o delírio de Capgras.

Suas descobertas deram origem a muitas ideias novas sobre o funcionamento do cérebro humano, apesar de ter feito relativamente pouco uso de tecnologias complexas, como a neuroimagem, durante suas pesquisas.

É o diretor de um grupo de pesquisa composto por estudantes e pesquisadores na Universidade da Califórnia, que é conhecido como Centro para o Cérebro e a Cognição, CBC. Esse grupo já publicou artigos acadêmicos sobre uma série de teorias emergentes em neurociência.

V.S. Ramachandran e os membros fantasmas

É conhecido como membro fantasma ou extremidade fantasma o efeito provocado em pacientes que perderam um membro, como um braço ou uma perna, mas que continuam sentindo a extremidade ausente. 

Ramachandran teorizou sobre esse fenômeno e concluiu que existe um vínculo entre o fenômeno das extremidades fantasmas e a plasticidade neuronal no cérebro dos seres humanos adultos.

Suas pesquisas demonstraram que, diante da ausência de alguma extremidade, o cérebro humano provocava mudanças consideráveis no córtex somatossensorial.

Suas conclusões o levaram a defender que existia uma relação entre a reorganização cortical e a sensação de continuar sentindo a extremidade apesar de não possuí-la mais.

A caixa dos espelhos

É atribuída a V.S. Ramachandran a invenção da caixa dos espelhos e a retroalimentação visual dos espelhos. Conhecida como a terapia do espelho, é usada como tratamento para a paralisia do membro fantasma.

Em muitos casos, restaurar o movimento em uma extremidade fantasma por meio da caixa do espelho também reduz a dor que se sente na extremidade ausente.

Um estudo realizado em 2014 descobriu que essa terapia pode exercer uma forte influência na rede motora, por meio de uma maior penetração cognitiva no controle das ações.

Outras pesquisas paralelas concluíram que ainda não existem evidências suficientes para comprovar os resultados da terapia da caixa dos espelhos.

Ramachandran fazendo palestra

A sinestesia: o cabeamento neuronal cruzado

A sinestesia é um fenômeno que faz com que algumas pessoas sintam cores quando ouvem música. Também é comum entre os sinestésicos a associação de números com cores ou de texturas com emoções.

Ou seja, nas pessoas sinestésicas, um único estímulo ativa dois ou mais sistemas perceptivos.

V.S. Ramachandran realizou várias pesquisas sobre esse fenômeno e foi um dos primeiros a teorizar que a sinestesia é provocada por uma ativação neurológica cruzada cortical. Junto com sua equipe, Ramachandran também desenvolveu vários testes para detectar esse fenômeno.

O debate de V.S. Ramachandran sobre os neurônios-espelho

Foi Giacomo Rizzolatti, na Universidade de Parma, que falou pela primeira vez sobre a existência dos neurônios-espelho em um artigo publicado em 1922 na mesma universidade.

V.S. Ramachandran focou grande parte de seus trabalhos no papel dos neurônios-espelho e na sua relação com várias capacidades mentais humanas, como a empatia, a aprendizagem e a evolução da linguagem.

Sobre esse assunto, V.S. Ramachandran previu que os neurônios-espelho criariam um marco unificador que ajudaria a explicar algumas habilidades mentais cujos processos mentais ainda não são totalmente conhecidos.

Ele comparou a importância da descoberta dos neurônios-espelho para a psicologia com a importância da descoberta do DNA para a biologia.


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  • Ramachandran V. S. (1998). Consciousness and body image: lessons from phantom limbs, Capgras syndrome and pain asymbolia. Philosophical transactions of the Royal Society of London. Series B, Biological sciences, 353(1377), 1851–1859. doi:10.1098/rstb.1998.0337

  • Ramachandran V.S., Hirstein W. The perception of phantom limbs: The D.O. Hebb Lecture. Brain. 1998;1211603- 1630

  • Ramachandran, V. S. & Marcus, Z. (2017). Synesthesia and the McCollough Effect. I-Perception. https://doi.org/10.1177/2041669517711718


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