A reserva cognitiva protege o nosso cérebro

A reserva cognitiva protege o nosso cérebro

Última atualização: 26 julho, 2019

A reserva cognitiva é a capacidade que o nosso cérebro tem de lidar com os diferentes ataques que pode sofrer. Realizar atividades que exercem as nossas capacidades cognitivas (como aquelas que envolvem leitura ou cálculo) de forma habitual pode nos proteger do envelhecimento e da demência, aumentando a nossa plasticidade cerebral e estabelecendo novas conexões sinápticas quando as antigas se deterioram.

Ao longo de anos de investigação tem-se observado que a mesma lesão cerebral nem sempre tem o mesmo impacto. Por isso, perguntamos: quais fatores influenciam a ocorrência da demência e de outras doenças neurológicas?

Muitas terapias que são aplicadas em pacientes de Alzheimer são fundadas no fato de que o cérebro é plástico e pode se beneficiar da atividade intelectual, mesmo em idades muito avançadas ou quando o cérebro está danificado.

O estudo das freiras

Uma das referências na pesquisa de reserva cognitiva foi uma famosa experiência conduzida pelo neurologista David Snowdon da Universidade de Kentucky em 1986, que ele mesmo chamou de “o estudo das freiras”. A experiência consistia em estudar um grupo de freiras de um convento e observar a evolução de suas funções cognitivas, como a memória.

Eles coletaram dados sobre a evolução destas funções ao longo de 17 anos. Ao realizar as autópsias depois que elas faleciam, verificou-se que o cérebro de uma delas, que nunca apresentou sintomas de demência, tinha as características patológicas de um paciente de Alzheimer avançado, mas como isso era possível?

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Na sequência dos resultados deste estudo, surgiram outras pesquisas que apoiavam a teoria de que realizar atividades intelectualmente exigentes podem mitigar os efeitos das lesões cerebrais provocadas pelo Alzheimer e promover, por sua vez, a plasticidade cerebral. O aprendizado é uma ferramenta que pode servir para fortalecer o nosso cérebro e torná-lo mais resistente à demência.

Que fatores influenciam a reserva cognitiva?

Existem vários fatores que têm sido associados com a obtenção de uma boa reserva cognitiva, entre os mais importantes estão:

  • A educação, o interesse pela cultura.
  • Desempenhar um trabalho que exija esforço intelectual.
  • Contar com uma rede ampla de relações sociais.
  • Exercício físico moderado diário.
  • Ler de forma habitual.
  • Praticar atividades intelectuais complexas, como tocar um instrumento musical.
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Estes são os principais fatores descritos na literatura científica, embora outros fatores também tenham sido considerados, como a alimentação. Além disso, aprender coisas novas, desenvolver a nossa criatividade, tentar realizar uma mesma tarefa de outra forma, fazer os cálculos de cabeça são tarefas podem ser realizadas no dia a dia e que podem aumentar o tamanho da nossa reserva cognitiva.

Para o ser humano, nunca é tarde para aprender, e mesmo que a infância seja o momento em que o nosso cérebro é capaz de absorver a maior quantidade de informações, a verdade é que somos capazes de continuar aumentando as nossas capacidades. Pense que o volume da nossa reserva cognitiva não é constante, e grande parte do valor de suas dimensões será condicionado numa idade mais avançada, para continuarmos a moldá-la ao longo dos anos.

Efeito da reserva cognitiva

Todos estes fatores poderiam favorecer, de acordo com especialistas no tema, a eficiência das redes neurais e a compensação através de redes neurais alternativas. Desta forma, nos protegemos contra as alterações sofridas nas funções cerebrais que costumam ser lesionadas com mais frequência nos acidentes.

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Além de nos protegermos de diversas doenças como o Alzheimer, retardando sua progressão ou até mesmo atrasando seu aparecimento, o aprendizado também é benéfico para a recuperação após um traumatismo cranioencefálico causado por um acidente.

Apesar do risco que existe de sofrer de demência na velhice, a ciência abriu uma porta a uma possível solução preventiva, que pode nos tornar menos vulneráveis a doenças que aparecem com mais frequência à medida que envelhecemos.


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