Telencéfalo: características e funções
O cérebro se divide em diversas partes, e uma delas é o telencéfalo. Trata-se da estrutura mais ampla, anterior e superficial do cérebro. Seu nome faz referência a uma das formações que são geradas durante o desenvolvimento, já que faz parte das estruturas que surgem a partir do tubo neural.
Está situado acima do diencéfalo e é o mais alto centro de integração a nível somático e vegetativo. Além disso, divide-se nos dois hemisférios, o direito e o esquerdo, que trocam informações através das fibras nervosas do corpo caloso.
Graças ao telencéfalo, contamos com funções como a memória, as emoções, a percepção do olfato, a visão e o paladar, entre outras. Vamos explorar essa impressionante parte do nosso cérebro.
Como o telencéfalo se divide?
Além dos dois hemisférios, do ponto de vista embriológico e ontogenético, ele pode ser dividido em:
- Neocórtex. Significa córtex novo ou recente. Trata-se de uma das regiões mais evoluídas do córtex. Também é chamado de isocórtex. Está dividido em seis camadas horizontais.
- Paleocórtex. É a parte do córtex que corresponde às regiões de terminação das vias olfativas.
- Arquicórtex. Também é conhecido como córtex do lobo límbico. É considerada a parte mais antiga do córtex cerebral.
Então, a parte mais externa dos hemisférios se chama córtex cerebral e está dividida em cinco lobos:
- Lobo frontal. Está situado na parte mais anterior do encéfalo. É responsável pelas funções centrais do processamento da informação. Graças a ele, contamos com as funções executivas.
- Lobo parietal. Participa de funções sensoriais de reconhecimento e posição, em processos cognitivos e analíticos, como a memória, o cálculo e a orientação.
- Lobo occipital. É responsável por perceber e analisar a informação visual. Isso inclui as distâncias, os tamanhos, a luz, a posição, o movimento, etc.
- Lobo temporal. Está situado na mesma altura dos ouvidos. É a área que conta com mais conexões com o sistema límbico e, por isso, é uma área afetiva. Além de ser essencial para a memória.
- A ínsula. É uma estrutura localizada na profundidade da fissura de Sylvius, onde convergem o lobo parietal, temporal e frontal. Está relacionada com a percepção do paladar e do olfato, o controle visceral, a somatopercepção e a integração emocional, entre outras funções.
Principais estruturas
Além das divisões anteriores, podemos destacar as seguintes partes do telencéfalo:
- Córtex cerebral. Como já vimos, divide-se em hemisférios e lobos, mas também em camadas que estão coordenadas entre si como áreas de sensibilidade, motoras e de associação, responsáveis por perceber e processar a informação.
- Amígdala cerebral. É uma estrutura que faz parte do sistema límbico. É responsável por tudo o que está relacionado com nossas reações emocionais. Além disso, graças a ela, podemos fugir de situações de risco e perigo, tornando possível a aprendizagem emocional.
- Hipocampo. Suas principais funções são a consolidação e evocação de lembranças. Também é responsável pela orientação, a capacidade de aprender coisas novas, interpreta nossas lembranças e o vínculo destas com as emoções.
- Bulbo olfatório. Trata-se de uma das partes mais antigas do encéfalo, é utilizada há muitas dezenas de milhões de anos e está situada debaixo da parte mais baixa do córtex cerebral. É responsável por processar a informação proveniente dos receptores odoríferos.
- Corpo estriado. É a via de entrada principal para os gânglios basais. Intervém no controle de movimentos, no processamento da memória procedimental, na focalização da atenção, na motivação e no sistema de recompensa.
Patologias do telencéfalo
Cada parte do cérebro é fundamental para a nossa sobrevivência e, ao mesmo tempo, difícil de compreender. Por isso, continuam existindo patologias cujas origens não são 100% conhecidas, e para as quais ainda não há uma cura.
O telencéfalo não fica para trás. Ele também apresenta patologias graves e difíceis de decifrar. Vamos observar algumas patologias relacionadas:
- Esquizofrenia. A esquizofrenia é um transtorno mental no qual o indivíduo percebe a realidade distorcida. Suas origens ainda são debatidas. No entanto, uma de suas causas pode ser uma falha no glutamato, um neurotransmissor que está relacionado com as emoções e o comportamento.
- Depressão. Trata-se de um transtorno do humor que se caracteriza por aspectos como a apatia, o desinteresse, o choro fácil, o aumento ou a perda de apetite e ideias suicidas, entre outros fatores.
- Bipolaridade. É um transtorno mental que se caracteriza por um estado maníaco ou um estado hipomaníaco e de depressão maior. Essa doença provoca um mal-estar significativo nas próprias pessoas e em seu ambiente mais próximo.
- Mal de Parkinson. É uma doença na qual a coordenação do movimento é afetada e que implica comprometimento cognitivo, depressão e hiposmia, entre outros fatores. Seu desenvolvimento foi amplamente relacionado com a patologia dos gânglios basais.
Atualmente, contamos com grandes avanços graças a grupos de pesquisa, como o de Scott e colaboradores, que em uma publicação na revista Experimental Neurology sugeriram que o elemento-chave da neurodegeneração no mal de Parkinson pode se dever a genes autossômicos recessivos.
Outras pesquisas não ficam para trás, como a publicada em um artigo no ano passado (2018) na revista The World Journalof Biological Psychiatry, que abordou a relação do sistema endocanabinoide com a esquizofrenia.
Esse estudo revelou como os pares de gêmeos são afetados ou não pela esquizofrenia ou pelo transtorno bipolar, de acordo com anormalidades herdadas no sistema endocanabinoide.
Embora seja complicado abordar essas doenças, nem sempre vai ser uma tarefa impossível. Graças à pesquisa atual em neurociência, hoje em dia contamos com pistas para compreendê-las melhor. Esperamos que no futuro possamos encontrar uma cura.