Os tipos de agressão que existem e seus efeitos

Em qualquer uma de suas formas, a agressão é a inclinação de uma pessoa para agir violentamente, seja para prejudicar os outros ou a si mesma. O Journal of Humanities and Culture a define como a tendência ou predisposição que provoca o próprio ato de agressão ou a reação subsequente a ele.
As características de uma pessoa agressiva, entre outras, incluem irritabilidade, impulsividade, atitude autoritária, sarcasmo e dificuldade de relacionamento. No entanto, esses fatores não são mutuamente exclusivos; antes de rotular uma pessoa como “agressiva”, é essencial avaliar as situações e os contextos individuais em que o comportamento ocorre.
Com base nisso, é possível classificar esses comportamentos para entender por que eles ocorrem e quais são suas consequências.
De acordo com a natureza
Dependendo da forma como se manifesta, a agressão pode ser dividida de acordo com sua natureza. O foco dessa classificação não é a intenção, mas sim a forma como o comportamento é expresso.
Física
A agressão física utiliza a força para causar danos corporais. Manifesta-se por meio de socos, tapas, uso de armas, imobilização dolorosa, chutes, empurrões, mordidas, etc.
Dependendo da gravidade do ataque, os ferimentos corporais podem deixar cicatrizes duradouras, até mesmo permanentes, na saúde física da vítima. Ela também pode sentir medo e desenvolver transtorno de estresse pós-traumático.
Verbal
Quando alguém ataca verbalmente, usa palavras para humilhar, gritar, ameaçar e menosprezar. Isso pode ocorrer isoladamente ou evoluir para outras formas de agressão. Quando continuado, mina a autoestima da vítima, faz com que ela se sinta inferior e se enche de ressentimento, o que pode levar a novos conflitos com o agressor.
Ela se manifesta em expressões como “você é inútil”, “vou te tirar do emprego”, “você se veste como um palhaço”, “cale a boca ou eu te calo”, “você é desastrado”, etc.
Psicológico
Nesse tipo de agressão, a manipulação é o método utilizado para causar danos emocionais, controlar e intimidar. Quem sofre com isso pode vivenciar sentimentos de inutilidade, baixa autoestima e culpa, o que acaba impactando sua saúde mental. Alguns de seus recursos incluem ataques verbais, ameaças, gaslighting e vitimização.
Por exemplo, o relacionamento de Carlos e Sara está desgastado; problemas e abusos contra ela abundam. Mas ele a manipula e a ameaça constantemente, dizendo: “Se você me deixar, eu me mato”.
De acordo com a direção
Essa divisão se baseia no fato de o dano ser direcionado à causa da fúria ou a um alvo diferente, pois nem sempre é direcionado à fonte inicial. Portanto, a agressão pode ser dos seguintes tipos:
Direta
Pesquisas da Psicogente indicam que a agressão direta é perceptível em sua expressão. Nesse caso, a vítima sabe quem a está atacando. Ela se manifesta verbal ou fisicamente, e os efeitos na vítima variam de ansiedade, medo, sofrimento e ressentimento. Em casos graves, a vítima pode apresentar pensamentos autodestrutivos e dificuldade para regular as emoções.
Acontece em qualquer idade: desde confrontos entre crianças até problemas entre adultos. Por exemplo, Lina, de 5 anos, morde Ana por roubar sua boneca. Ou Juan, um taxista, persegue e insulta um motociclista que arranhou seu carro.
Indireta
Também é conhecida como agressão velada, pois o agressor a pratica sem o conhecimento da vítima. É mais sutil e busca causar dano sem assumir responsabilidade. Em outras palavras, fere indiretamente, manipulando relacionamentos com outras pessoas. Expressa-se espalhando boatos, provocando rejeição de um grupo ou causando constrangimento em um ambiente social, como exemplificado em um artigo na revista Educación y Futuro.
Aqueles que são alvo dessa forma de agressão sentem frustração por não conseguirem confrontar a pessoa que os está causando. Além disso, tornam-se mais cautelosos e desconfiados, além de verem seus relacionamentos com os outros sofrerem. Quando isso se prolonga por muito tempo, pode levar à dificuldade de lidar com as emoções e a uma autoimagem distorcida.
Vejamos o caso de Armando, que é alvo de fofocas infundadas sobre ele espalhadas por José no escritório. Ou Cristina, que faz uma piada durante o almoço, ridicularizando Sofia na frente dos colegas.
Deslocada
Há uma provocação inicial, mas o dano final é direcionado a alguém que não é o instigador. Em resumo: um ataque é realizado contra um alvo aparentemente inocente. E isso pode ser feito conscientemente, porque o agressor original é conhecido por ser mais intimidador ou mais difícil de revidar. Isso ocorre especialmente em ambientes onde a pessoa que ataca inicialmente detém autoridade, mas a vítima não.
Como resultado, a vítima de agressão deslocada se culpa e se sente confusa, pois não sabe por que foi atacada. Por exemplo, Maria foi repreendida pelo chefe e, ao voltar para casa, descontava sua raiva nos filhos, pois não conseguia reclamar com o chefe.
Autoagressão
A agressão é direcionada a si mesmo, e os danos podem ser tanto físicos (lesões, abuso de substâncias, comportamentos de risco, etc.) quanto psicológicos (autocrítica, autossabotagem, diálogo interno negativo, etc.). As consequências são evidentes em sentimentos de culpa, desespero, problemas de saúde física e mental, e podem ser fatais (dependendo do caso).
Por exemplo, Luisa não se sente confortável com seu corpo e sempre diz a si mesma: “Sou feia, é por isso que ninguém gosta de mim”. No caso de Paula, ela recorre à automutilação porque seus colegas de classe zombam dela.
Da intenção
Separar a agressão da intenção visa entender o que levou o agressor a agir daquela forma. Baseia-se na razão subjacente ao ato.
Reativo ou impulsivo
Aqui, a principal motivação é prejudicar o outro. A reatividade é a resposta à frustração ou provocação. Está associada a altos níveis de hostilidade, impulsividade e déficits no processamento de informações, de acordo com o Anuário de Psicologia Jurídica. Não é algo planejado, mas sim uma forma de se vingar ou reduzir a tensão emocional. Por exemplo, ser insultado verbalmente e responder iniciando uma briga física.
Instrumental
A agressão instrumental é usada como forma de atingir um objetivo ou benefício. De acordo com o Anuário de Psicologia Jurídica, é entendida mais como uma estratégia fria e organizada. Não requer provocação para ocorrer, nem exige que uma carga emocional seja aliviada.
É evidente, por exemplo, em alguém que extorque outra pessoa para guardar um segredo. Ou em alguém que intimida um colega de classe para impedi-lo de concorrer a um cargo público. Entre seus efeitos, podemos mencionar uma pessoa com falta de confiança em si mesma ou alguém que prefere pagar uma taxa de extorsão para não se sentir exposto. Traumas psicológicos também surgem desse tipo de trauma.
Rejeição interpessoal
Vivenciar a rejeição interpessoal envolve ser excluído por uma ou mais pessoas; além disso, há um sentimento de desvalorização. Isso leva a emoções como solidão, ciúme, culpa, vergonha e ansiedade. Um ciclo de raiva pode se desenvolver, à medida que a vítima pode desenvolver ressentimento e ativar a raiva por se sentir marginalizada. Nesse sentido, Aggressive Behavior compartilhou uma meta-análise que sugere que a rejeição social alimenta o comportamento agressivo.
Agressão sexual
Dada a sua especificidade clínica, social e jurídica, a agressão sexual é considerada uma categoria distinta dentro dos tipos de agressão. Ela abrange “ataques como estupro ou tentativa de estupro, bem como qualquer contato sexual indesejado”, de acordo com uma revisão do Safe House Center.
Apalpar, mesmo por cima da roupa, também é considerado uma condição, desde que a pessoa não consinta com tais atos. E, como aponta uma publicação da Biblioteca Nacional de Medicina, um ataque desse tipo é sempre culpa do agressor sexual; sua prevenção depende de todos na comunidade.
Conhecer e compreender os diferentes tipos de agressão ajuda a esclarecer conflitos, identificar suas origens e estabelecer abordagens quando a intervenção profissional é necessária.
O que está por trás dos tipos de agressão?
Como aponta um artigo do Anuário de Psicologia Jurídica, o comportamento agressivo pode surgir repentinamente ou aparecer como uma reação com raiva e hostilidade a uma provocação percebida; este último exemplifica alguns instigadores sociais que desencadeiam tal comportamento, como bullying, pressão social, violência doméstica, etc.
O ambiente também influencia os tipos de agressão, pois é cheio de fatores estressantes: estar em um espaço pequeno com música alta tocada por outra pessoa para seu próprio entretenimento ou passar horas em uma fila sob o sol quente são cenários onde o comportamento violento pode ocorrer.
Entre as causas da agressão, é importante considerar fatores biológicos e psicológicos. O cortisol é o hormônio do estresse que, em níveis crônicos ou em resposta a uma ameaça, pode estar ligado a uma reação violenta. Psicologicamente, a falta de controle emocional, a remoer experiências passadas e a baixa autoestima aumentam a propensão à hostilidade.
Muitas vezes, a agressão é algo que pode ser controlado.
Às vezes, a impulsividade supera a calma, e é possível cair em um dos tipos de agressividade que explicamos. Mas é importante entender que uma pessoa nem sempre é agressiva por escolha própria. Como vimos, certos fatores biológicos ou mesmo circunstâncias cotidianas podem desencadear uma reação violenta.
No entanto, alguém que esteja ciente de seu comportamento pode decidir se cede ou não à agressão. De qualquer forma, a raiva e a agressividade podem ser controladas por meio de intervenção psicológica e técnicas de autocontrole.
Lembre-se de que, depois de um dia ruim, é comum descontar a raiva em um amigo, familiar, colega de trabalho ou vizinho. Mas se essa reação for frequente, desproporcional, prolongada ou afetar seus relacionamentos, peça ajuda. Não deixe que comportamentos agressivos tomem conta de você; supere-os e assuma o controle.
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