Vermeer e a moça com o brinco de pérola
Atualmente, o nome Vermeer evoca instantaneamente a imagem da garota imortalizada no quadro A Garota com Brinco de Pérola. Isso porque é uma das obras pictóricas mais facilmente identificáveis pelo público em geral. Esta pintura é tão importante que é chamada de Monalisa do Norte.
A esplêndida interpretação do mestre holandês do século 17 de uma garota comum tornou-se um ícone universal. A pintura mostra a jovem contra um fundo escuro misterioso e destaca uma pérola brilhando no lóbulo da sua orelha.
A arte de Vermeer tornou-se o cânone das obras de arte da Idade de Ouro Neerlandesa; o seu trabalho é íntimo e tradicional. Ele se dedicou a explorar os momentos da vida cotidiana documentando espaços interiores, a epítome do gênero barroco.
No entanto, o seu domínio do pigmento e luz elevou o artista além do reino de seus contemporâneos. O seu talento lhe permitiu vislumbrar de forma inimitável o estilo de vida de sua época.
A juventude de Jan Vermeer
Por centenas de anos, as pessoas ficaram fascinadas e inspiradas pelas pinturas de Johannes (também conhecido como Jan) Vermeer. Este pintor é, frequentemente, considerado o pintor holandês mais respeitado da história. No entanto, a sua vida e a sua arte estão envoltas em mistério.
Vermeer nasceu em 1632 em Delft, Holanda, embora a data exata não seja conhecida. Ele nasceu em uma família de classe média baixa. Johannes Vermeer van Delft também é conhecido como Joannis ver Meer ou Joannis van der Meer.
Seu pai, Reijnier Jansz, era um artesão tecelão de seda que se tornou estalajadeiro e, mais tarde, um negociante de arte. A partir destes trabalhos comerciais, plantou no jovem Vermeer o gosto pela pintura.
Acredita-se que a sua mãe, Digna Baltus, era uma dona de casa analfabeta. Essa crença começou porque Baltus assinou um ‘X’ em vez de seu nome em sua certidão de casamento.
Quando o pai de Vermeer morreu em 1652, o jovem Johannes herdou os seus dois negócios. Antes desse evento, os seus primeiros 20 anos de vida não estão bem documentados. Apesar da pesquisa muito extensa, nenhuma resposta clara foi encontrada.
Em 1653 Vermeer casou-se com Catherina Bolnes e se converteu ao catolicismo. O casal teve 15 filhos, quatro dos quais morreram.
Curiosamente, com onze crianças correndo pela casa, apenas duas das pinturas de Vermeer retratam diretamente as crianças. Em vez disso, a sua esposa Catherine serviu de modelo para muitas das suas obras.
Obra precoce e maturidade
No início da carreira de Vermeer, o artista se concentrou na produção de pinturas baseadas na história. Além disso, nessa época, ele recriou muitas cenas da Bíblia e da mitologia clássica.
Graças à sua sogra, Maria, Vermeer conseguiu obter acesso aos cidadãos mais ricos de Delft, como Pieter van Ruijven. No entanto, ao contrário da maioria de seus contemporâneos, Vermeer nunca deixou a sua cidade natal e contou apenas com o patrocínio local para as suas comissões.
Acredita-se que Johannes e Catherine viveram uma vida feliz de casados até a morte prematura de Vermeer em 1675. Acredita-se que ele morreu de um derrame cerebral. O casal ficou casado por 22 anos.
Catherine apoiava o trabalho do marido. Como a maioria dos artistas daquela época, Vermeer também contraiu uma série de dívidas que foram deixadas para a sua família após a sua morte.
O sucesso limitado de Vermeer tinha a ver com a incapacidade de encontrar encomendas fora de Delft, além do fato de não ter saído da cidade para comercializar suas obras e talento.
O seu escasso sucesso também está relacionado à limitação dos materiais com os quais trabalhava. Vermeer, ao contrário de Rembrandt, não trabalhava com gravuras, que eram extremamente populares na época.
O pouco sucesso do pintor naquele momento histórico também se deve a circunstâncias fortuitas, como a guerra franco-holandesa. O fato de as tropas invadirem constantemente a cidade repercutiu no florescimento do mercado da arte.
A morte e os mistérios sobre Vermeer
O mestre Vermeer adoeceu e morreu no ano de 1675. Em dezembro daquele ano, o seu enterro foi oficializado em Delft. Devido as dívidas que possuía, a sua esposa foi forçada a renunciar a sua herança e, como consequência, os seus bens foram confiscados por seus credores.
Vermeer era o chefe do Delft Artists Guild, um grupo de artistas que se reunia para aprender uns com os outros e discutir novas técnicas.
Embora fosse altamente respeitado por seus pares, ele morreu pobre e se manteve quase completamente desconhecido por longos duzentos anos. Quando o seu trabalho foi redescoberto pela arte mundial no século 19, os mistérios que cercavam a sua vida ressurgiram.
Como Vermeer dominou a arte de criar luminosidade em suas pinturas? Muitas delas poderiam, à primeira vista, ser confundidas com fotografias. Como capturou tanta luz e sombra quando as suas pinturas demoravam muitos meses para serem terminadas? Essas perguntas permanecem sem resposta.
Há quem afirme que o seu domínio foi, simplesmente, incomparável. Outros dizem que ele criou um tipo antigo de câmera, chamada de “câmera escura”, que lhe permitia “parar o tempo” e estudar os efeitos da luz. Por outro lado, há quem encontre falhas em suas pinturas ou as atribuam a outrem.
Vermeer costumava pintar retratos ou cenas de pessoas fazendo o seu trabalho diário. Apenas duas paisagens são atribuídas a ele. O pintor entendia o efeito da luz e do reflexo em uma pessoa ou objeto. Os especialistas em arte atribuem o realismo de suas pinturas a esse fato. Essencialmente, Vermeer reconheceu que o olho não vê o objeto inteiro e a sua cor real devido aos efeitos da luz e do reflexo.
A moça com o brinco de pérola
Olhando de perto as pinturas de Vermeer, podemos ver a sua assinatura inconfundível, o uso da luz e a capacidade de capturar a vida real. A moça com o brinco de pérola é uma de suas obras mais famosas.
A pintura mostra uma garota, e seu brinco reflete prodigiosamente a luz enquanto ela olha para o pintor. Nesta pintura, causam admiração as sombras projetadas na bochecha e no nariz da garota, à medida que desaparecem no fundo escuro.
A pintura serviu de inspiração para o romance de Tracy Chavalier em 1999, e para um filme alguns anos depois.
Sem dúvida, é uma das pinturas mais emblemáticas da história da arte, um daqueles símbolos que, embora não sejamos especialistas na área, podemos reconhecer e apreciar.
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