Como percebemos o tempo com base em nossas emoções?

Se o tempo é o mesmo para todos, por que percebemos sua passagem de maneira diferente? Descubra como percebemos o tempo com base em nossas emoções e outros fatores, como a idade.
Como percebemos o tempo com base em nossas emoções?
Laura Ruiz Mitjana

Escrito e verificado por a psicóloga Laura Ruiz Mitjana.

Última atualização: 08 outubro, 2022

Você já se perguntou se suas emoções ou seu humor influenciam como você percebe o tempo? Talvez quando você está triste você acha que tudo vai mais devagar ou quando você está animado ou se divertindo você tem a sensação de que o tempo voa… A verdade é que existe uma realidade objetiva e é que o tempo passa igual para todos. O que muda é a percepção que temos desse passar dos dias.

Pois bem, essa questão é mais complexa do que uma análise superficial pode revelar, pois a percepção do tempo muda dependendo de como nos sentimos, da idade que temos e também das situações que vivenciamos. Vamos aprofundar.

A percepção do tempo de acordo com nossas emoções

A percepção do tempo é como um relógio interno dentro de nós. E é algo muito útil, pois o tempo nos centra e nos localiza; Além disso, essa percepção também pode nos ajudar a identificar como nos sentimos (mas veremos essa questão um pouco mais adiante).

John Wearden, professor da Keele University, no Reino Unido, trabalha com a questão da percepção do tempo há mais de trinta anos, primeiro em animais e depois em humanos, e publicou mais de 100 artigos sobre o assunto.

Wearden afirma em uma entrevista realizada para a Universidade Autônoma de Barcelona que a percepção do tempo muda de acordo com a idade e de acordo com o que estamos fazendo. Em relação à idade, o professor afirma que os mais velhos, em geral, dizem que “o tempo passa mais rápido à medida que você envelhece”. E dependendo do que fazemos, nossa percepção do tempo também varia. Para tempos curtos, usamos um relógio interno, mas para tempos mais longos, usamos influências ou fatores externos para quantificar o tempo (por exemplo, a distância nos permite calcular o tempo que leva para chegar a algum lugar).

Relógio de pulso
Dependendo da idade, a percepção do tempo muda.

A percepção do tempo de acordo com a idade e novos eventos

Certamente você preenche o dia com momentos, com coisas para fazer (coisas boas para você) e isso faz você ter a percepção de que o tempo passa mais rápido. Especialmente quando os momentos estão cheios de novidade.

Isso é especialmente perceptível na infância (quando tudo é novo e tudo ainda está para ser descoberto); Por outro lado, quando envelhecemos, talvez não haja tantos momentos memoráveis (no sentido de “novidade”), mas eles continuam marcando nossa percepção do tempo.

Emoções e humor influenciam na percepção do tempo

Não apenas a idade ou os momentos memoráveis influenciam a forma como percebemos o tempo. Ele também varia dependendo dos seguintes parâmetros:

  • As emoções.
  • O humor.

Mas antes de ver como esses elementos nos impactam, vamos saber qual é a percepção do tempo se estamos em um estado natural (e feliz).

Como percebemos o tempo em um estado natural?

Nos bons momentos, em que fluimos com a vida, o presente parece lento, mas agradável. Os dias se tornam mais longos porque fazemos muitas coisas, mas vivemos esses dias de forma lenta (porque fluímos no tempo).

Assim, se sentimos que estamos conectados ao momento atual (e ao mesmo tempo relaxados), é mais provável que percebamos que o tempo passa muito devagar.

O tempo quando estamos felizes

Se não estamos apenas em um estado “natural” ou de fluxo, mas também estamos aproveitando, sendo felizes e nos divertindo muito, então o tempo voa. E não paramos para pensar, apenas vivemos. É por isso que temos a sensação de que o tempo voa, porque estamos nos divertindo.

Por outro lado, quando estamos mal (ou sentindo outras emoções), a percepção do tempo muda. De que maneira?

Medo e ansiedade e a percepção do tempo

Quando estamos assustados e com medo, tudo parece longo; ou seja, temos uma percepção dilatada do tempo. Ele transcorre lentamente para nós, porque ficamos com medo e ficamos “presos” nesse medo, contando os minutos e as horas para que esse estado de desconforto passe (e fixando nossa atenção no tempo, ele passa mais devagar para nós).

Por outro lado, quando estamos animados, ansiosos ou estressados, sentimos que o tempo passa mais rápido, pois “temos muitas coisas para fazer e pouco tempo” (ou pelo menos é assim que nos sentimos).

Tédio e tristeza: o tempo passa devagar

Mas, o que acontece quando a emoção é outra? Por exemplo, quando estamos tristes ou entediados. Segundo o psicólogo Luis Muinho, a percepção da passagem do tempo pode nos ajudar a saber se uma pessoa se encontra em um estado depressivo (ou subdepressivo).

Nesses casos, quando estamos em um estado depressivo, triste (ou entediado), algo curioso acontece: o tempo passa muito devagar quando o vivemos, mas muito rápido quando o rememoramos. Assim, percebemos que vários meses se passaram, embora enquanto os vivíamos, eles passavam exageradamente devagar.

Quando ficamos entediados, estamos em intenso estado de cansaço, tristes ou deprimidos, o tempo passa devagar, mas depois lembramos como se tivesse passado muito rápido.

A percepção do tempo: um bom indicador do nosso estado emocional

A percepção do tempo é um bom termômetro emocional que nos diz como estamos. Se essa percepção for alterada, nossas emoções também serão alteradas. Portanto, pode ser um bom indicador em psicoterapia, por exemplo, ou em um processo de autoconhecimento.

Se você quiser saber como está, pergunte-se: estou num ritmo forçado? Faria as coisas de maneira mais lenta? Se aprendermos a identificar nosso próprio ritmo ou percepção do tempo, poderemos saber quando nossas emoções estão um pouco alteradas.

“O que marca nossa saúde mental é nossa relação com o tempo.”

-Luis Muinho-

Mulher feliz olhando para o relógio
A percepção psicológica do tempo depende do nosso interesse no que fazemos.

Como viver a passagem do tempo de forma saudável?

Todo mundo tem seu próprio ritmo, seu próprio relógio interno e circunstâncias que influenciam se eles percebem o tempo como rápido ou lento. Assim, essa percepção do tempo muda (também à medida que crescemos), e é algo natural.

No entanto, aprender a viver o momento presente e saborear o tempo sem querer que ele se apresse ou pare é bom para nossa saúde mental.

A ansiedade é um excesso de futuro e a depressão, um excesso de passado

Na psicologia diz-se que a ansiedade é um excesso do futuro e a depressão é um excesso do passado. E que saúde mental é “ter bastante presente”.

Por esse motivo, recomendamos que você não antecipe muito o amanhã, pois poderá sofrer de ansiedade e tampouco fique preso a um passado que não existe mais (porque se a situação se intensificar, você poderá entrar em estado depressivo). Além disso, lembre-se de que a memória modifica nossas lembranças e as idealiza.

“Você ama a vida? Bem, se você ama a vida, não perca tempo, porque o tempo é o bem de que a vida é feita.”

-Benjamin Franklin-

Não lute contra a passagem do tempo, aprenda a fluir com ele

Em suma, se você realmente quer viver plenamente, e de forma serena, é melhor não tentar lutar contra a passagem do tempo. O tempo passa do mesmo jeito, gostemos ou não (e felizmente, porque nos diz que estamos vivos); então não fique obcecado se isso acontece devagar ou rápido para você, apenas saboreie.

Flua com o tempo e alie-se a ele; essa é a única maneira de viver de maneira plena e serena. Em outras palavras:

“Não conte os dias, faça os dias valerem”.

-Muhammad Ali-


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  • Cebrián, M., Muinho, L. y González, M. (2022). Entiende tu mente: Claves para navegar en medio de las tempestades. Editorial Aguilar.
  • Gutiérrez, A., Reyes, D. & Picazo, O. (2017). Percepción del tiempo en la neuropsicopatología: una revisión sistemática. Psiquiatría Biológica, 24(3), 85-96.

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