Do que as pessoas se arrependem quando estão próximas da morte?

Do que as pessoas se arrependem quando estão próximas da morte?
Gema Sánchez Cuevas

Revisado e aprovado por a psicóloga Gema Sánchez Cuevas.

Escrito por Yamila Papa

Última atualização: 22 dezembro, 2022

 
Talvez um dos maiores castigos que nos infligimos seja sacrificar o presente para nos defendermos de todos os nossos medos sobre o futuro quando, na verdade, o futuro é apenas uma suposição e o presente uma realidade. Do que as pessoas se arrependem quando estão próximas da morte?

A lista deste artigo foi compilada por uma enfermeira que trabalhou com cuidados paliativos durante muitos anos. Os seus pacientes tinham uma expectativa de vida de no máximo três meses.

Ela os acompanhava durante os seus últimos dias e fazia com que se sentissem da melhor forma possível, uma vez que percebiam que o fim estava próximo. “É neste momento que as pessoas crescem muito mais do que em toda a sua vida”, afirma.

Não devemos subestimar a capacidade das pessoas para crescer ao chegar a um ponto sem retorno da sua existência. Muitos podem dizer que nesse estado não vale mais a pena, mas, na verdade, o arrependimento ou a gratidão, quando cada segundo se torna mais valioso, ganha ainda mais valor.

Algumas das mudanças que esses pacientes experimentaram foram realmente surpreendentes. Cada um sentiu as emoções de maneira diferente, desde a raiva até a negação, passando pelo medo, pela rendição e pela aceitação. Esta última é o que permite encontrar a paz antes de partir.

Quando a enfermeira perguntava quais eram os seus arrependimentos ou o que eles gostariam que tivesse sido diferente durante os seus anos de vida, na maioria dos casos, ela ouvia temas comuns como resposta. Os mais frequentes foram:

– “Eu gostaria de ter tido a coragem de viver sendo fiel a mim mesmo, não ao que os outros esperavam de mim.” Esse foi o arrependimento mais recorrente. Quando alguém percebe que a sua existência terrena está prestes a chegar ao fim, é mais fácil ver o passado com clareza, olhar para trás e ver quantos sonhos ficaram por realizar. Foi comprovado que a maioria das pessoas realiza apenas metade dos seus sonhos e morre sabendo que o restante poderia ter sido realizado se tivessem se proposto seriamente e se não tivessem cedido diante do que os outros consideravam correto ou aconselhável.

Viver sendo fiel a si mesmo é um desafio que não devemos deixar de lado. Fazer o que gostamos, apesar do “que os outros vão falar”. Cada um deve aproveitar a sua vida como bem entender. Portanto, não espere até que seja tarde demais para apenas se lamentar. Tenha em mente que a saúde proporciona uma liberdade que nem todos reconhecem até que não a tenham mais.

-“Gostaria de ter trabalhado menos”. Isso era mais frequente em pacientes do sexo masculino que, na sua opinião, negligenciaram a família e os amigos por trabalharem durante mais de 10 horas por dia.

Não ver o nascimento ou o crescimento dos filhos, não estar em momentos importantes, tais como aniversários e comemorações, sempre pensando no chefe e problemas no trabalho, etc. Todos sentiam falta da juventude, da época em que os filhos eram pequenos ou em que eram recém-casados. No caso das mulheres, isso não acontecia nas gerações passadas, mas talvez aquelas que estão chegando à velhice também possam se arrepender disso.

Simplificar o estilo de vida, tomar decisões precisas ao longo do caminho, perceber que o dinheiro não é tudo neste mundo (embora queiram nos fazer acreditar que sim) fará com que não tenhamos que nos arrepender disso no nosso leito de morte. Ser mais feliz com o que se tem, não querer mais coisas materiais, passar mais tempo com os filhos, com o parceiro, com os pais ou com amigos, aproveitar os dias de folga, não fazer horas extras, etc. Esta é uma ótima maneira de viver.

– “Gostaria de ter tido a coragem para expressar meus sentimentos.” Quantas vezes ficamos com a amarga sensação de não poder dizer o que sentimos? Muitos suprimem as emoções para ficar em paz com os outros ou por vergonha do que possam responder. Porém, foi comprovado que algumas doenças surgem por “guardar” maus pensamentos, repreensões, palavras que não foram ditas no momento certo, etc. Entretanto, não se trata apenas do que é negativo, mas também das coisas boas, do “eu te amo”, do “me perdoe“, do “preciso de você”.

Não podemos controlar a reação que a outra pessoa pode ter quando dizemos algo, mas o fato é que isso pode nos libertar de um grande peso acumulado no nosso peito ou nas nossas costas. Assim, tanto se for para falar bem quanto para falar mal, não hesite em falar, pois, mais tarde, você vai se lamentar.

-“Gostaria de ter mantido contato com meus amigos”. As velhas amizades oferecem muitos benefícios. Porém, nem todos podem vê-los, até que chega o último momento de suas vidas e “se lembram” disso. Afinal, ao contrário de antes, agora não há mais problemas no trabalho, agenda lotada, obrigações, conflitos financeiros etc. Nem sempre é possível localizar os amigos quando os moribundos pedem que eles sejam encontrados para que possam dizer o que sentem ou para vê-los uma última vez. Vários pacientes confessaram que não viam os amigos há muito tempo (até mesmo décadas), porque estavam sempre ocupados demais para um encontro.

Por causa do estilo de vida que temos atualmente, você provavelmente não encontrará um “espaço” na sua agenda diária para tomar um drinque ou um café com um amigo de infância. Além disso, com a tecnologia, não há mais reuniões; tudo é dito através das redes sociais. No entanto, falar com um amigo pessoalmente é a melhor lembrança que uma pessoa pode levar para o túmulo. Portanto, organize a sua vida de tal forma que, pelo menos uma vez por mês, você possa se encontrar com os amigos para conversar sobre a vida.


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.