É verdade que duas pessoas pensam melhor que uma?

Como você acha que as melhores realizações são obtidas, trabalhando individualmente ou colaborando lado a lado com outros colegas? A ciência nos diz que, embora a união estimule a engenhosidade, sempre há uma exceção a essa regra.
É verdade que duas pessoas pensam melhor que uma?
Valeria Sabater

Escrito e verificado por a psicóloga Valeria Sabater.

Última atualização: 19 outubro, 2022

Sherlock Holmes e Dr. Watson. Tom Sawyer e Huckleberry Finn. J. R. R. Tolkien e C. S. Lewis. Batman e Robin. Fox Mulder e Dana Scully. Os mundos da literatura, do cinema e da televisão sempre nos mostraram que várias cabeças juntas funcionam melhor do que uma só. O trabalho em equipe é essa virtude que, ao que parece, sempre nos permite sair vitoriosos de qualquer encruzilhada.

O que há de verdade nisso? Será que é tão vantajoso unir várias mentes no dia a dia para resolver problemas e desenvolver ideias mais inovadoras? A ciência nos mostrou muitas vezes que a inteligência de grupo traz grandes benefícios. Ela efetivamente nos permite fornecer feedbacks uns aos outros para moldar propostas e soluções mais engenhosas.

No entanto, há um fato que a maioria de nós sabe. O trabalho em grupo nem sempre é fácil e às vezes até atrapalha a produtividade, pois há critérios e personalidades opostas. Além disso, nem todos têm um ótimo desempenho na empresa, preferindo, na medida do possível, trabalhar sozinho…

Ao longo da história, o notável benefício das colaborações em grupo foi demonstrado para obter avanços e descobertas notáveis.

Trabalhadores falando sobre quais duas pessoas pensam melhor
Fatores de personalidade às vezes dificultam o trabalho em equipe

Duas pessoas pensam melhor do que uma: em que circunstância isso se cumpre?

Ninguém pode negar que, de fato, há muitos casos em que duas pessoas pensam melhor que uma. Lembremo-nos, por exemplo, de todos aqueles casais que ganharam o Prêmio Nobel juntando esforços e ideias. Exemplos disso são, sem dúvida, Pierre e Marie Curie.

Destacam-se também as obras conjuntas de George Braque e Pablo Picasso no mundo da arte, ou os já citados escritores C. S. Lewis, J. R. R. Tolkien. Fisiologia, medicina, economia, engenharia… Grande parte da nossa sociedade avança graças à colaboração conjunta de grupos de pessoas que raciocinam, investigam e trabalham em conjunto.

Pois bem, isso significa que a força do grupo é sinônimo de sucesso e vantagem absoluta? A resposta é não. Deve haver variados fatores para que várias mentes atinjam a excelência e sejam verdadeiramente produtivas. Trabalhos de pesquisa como os realizados na Carnegie Mellon University destacam que a inteligência coletiva, para ter sucesso, depende de vários elementos.

Nós os analisamos.

Na hora de tomar decisões, é sempre mais benéfico ter outras perspectivas para poder elucidar mais estratégias para o mesmo desafio.

Habilidades e competências das pessoas

Você já teve que realizar um projeto com uma ou mais pessoas com habilidades duvidosas? É algo frequente. Aspectos como habilidades técnicas e soft skills são fundamentais para que uma equipe seja eficaz. Em outras palavras, duas pessoas pensam melhor do que uma se ambas dominam o assunto em que estão trabalhando e, além disso, estão em sintonia uma com a outra.

Da mesma forma, será inútil ter um parceiro brilhante se for impossível se comunicar com ele. A personalidade dos membros de um grupo é um aspecto igualmente decisivo para que haja sincronia entre essas mentes. Fatores como orgulho, arrogância, individualismo e a necessidade de competir para se destacar, arruínam a capacidade de atingir metas elevadas como grupo.

As regras que regem o grupo de trabalho

Todo grupo social formado por dois ou mais indivíduos necessita de regras básicas de interação para atingir os objetivos estabelecidos. Esse é um aspecto que muitas vezes negligenciamos. Mesmo que pretendamos realizar um projeto com um amigo ou familiar, é fundamental definirmos regras claras e diretrizes de interação.

Isso nos permitirá, entre outras coisas, distribuir as tarefas de forma equitativa. Decidir também os tempos de trabalho, os recursos que cada um terá, ou estabelecer os tempos de realização de cada meta. Se não estabelecermos algumas regras básicas e uma estratégia clara, apenas a improvisação e o caos irão reinar.

imagem para simbolizar que duas pessoas pensam melhor
A inteligência coletiva nos permite trabalhar lado a lado com outras pessoas e obter maiores conquistas do que se o fizéssemos individualmente

Quando a colaboração mútua não é bem-sucedida

A evidência nos mostra que, em média, duas pessoas pensam melhor do que uma. Um maior número de ideias é compartilhado, as mentes são desafiadas, enriquecidas e motivadas mutuamente. Nada é tão estimulante quanto ter várias visões de um mesmo conceito, como proporcionar as mais variadas sinergias para um mesmo objetivo.

Grandes e pequenas empresas sabem disso e é comum dinamizar grupos, possibilitar que as pessoas saibam realizar seu trabalho em conjunto e não tanto individualmente. No entanto, e aqui vem o problema, há momentos em que duas, três ou cinco mentes não pensam melhor de forma unificada. Existem circunstâncias que impedem esse fim.

O efeito Dunning-Kruger: quando reunimos um grupo de incompetentes

O efeito Dunning-Kruger ocorre quando uma pessoa incompetente superestima suas habilidades e assume que suas habilidades estão acima da média. Vamos refletir, por um momento, sobre o que pode significar termos dois ou mais indivíduos com esse perfil em uma equipe de trabalho.

A incompetência, assim como a preguiça social, é um elemento que aparece em muitas equipes de trabalho: basta que haja alguém com esse perfil para que os demais se sintam prejudicados.

Duas pessoas pensam melhor do que uma se suas abordagens forem mutuamente enriquecedoras

Há outro fenômeno não menos interessante sobre a atuação dos grupos de trabalho. Às vezes, os membros desenvolvem um pensamento muito homogêneo e semelhante. Nesse caso não estamos falando de pessoas incompetentes, mas de indivíduos que, seja por afinidade ou para agradar uns aos outros, evitam se contradizer e suas contribuições não são mais tão engenhosas.

Quando eles apenas buscam o consenso e param de inspirar e desafiar um ao outro, o pensamento não é mais inovador. Esse é, sem dúvida, outro perigo que deve ser considerado pelas organizações. Incluir pessoas com visões diferentes, mas capazes de chegar a acordos, traz uma vantagem maior para uma empresa.

Para concluir, o presente e o futuro exigem que saibamos conjugar as nossas sinergias, engenhosidade e competências para enfrentar desafios comuns. Saber trabalhar em grupo é, portanto, algo essencial em que todos deveríamos melhorar.


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  • David Ludden is the author of The Psychology of Language: An Integrated Approach (SAGE Publications).
  • Woolley, A. W., Aggarwal, I., & Malone, T. W. (2015). Collective Intelligence and Group Performance. Current Directions in Psychological Science, 24(6), 420–424. https://doi.org/10.1177/0963721415599543

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