O que é filosofia moderna? Tudo que você precisa saber

Os filósofos modernos marcaram escolas como o empirismo e o racionalismo. Pesadores da estatura de René Descartes, Immanuel Kant e Friedrich Hegel são alguns dos seus principais expoentes. Saiba mais nesta leitura.
O que é filosofia moderna? Tudo que você precisa saber

Última atualização: 17 agosto, 2024

A filosofia evoluiu ao longo dos séculos, adaptando-se e respondendo às necessidades e ao contexto de cada época. A fase moderna não foi exceção, pois é um dos seus períodos mais significativos.

Em particular, durante a modernidade o filosófico caracterizou-se pela ruptura com as tradições medievais e lançou as bases do pensamento contemporâneo. A seguir, descobriremos a ênfase que essa fase colocou na razão, banindo as explicações religiosas para construir o conhecimento.

O que é a modernidade na filosofia?

É uma etapa do pensamento filosófico caracterizada pela importância dada à razão humana. Desenvolveu-se do século XVII ao século XIX e tem a morte do filósofo Friedrich Hegel (1770-1831) como marco do seu fim.

René Descartes (1596-1650), com sua teoria racionalista, costuma ser considerado aquele que iniciou essa fase de ruptura entre o pensamento medieval e o moderno. Em particular, a modernidade está ligada ao processo de secularização, referindo-se à ruptura e ao distanciamento progressivo da religião no conhecimento.

É assim que esse pensamento desloca Deus de suas reflexões e traz o ser humano e sua razão para o centro da discussão. Isso foi acompanhado pela Revolução Científica, ou seja, pelo desenvolvimento da ciência experimental. Dessa forma, os grandes temas desse período serão a natureza, a alma e o ser humano.

Antecedentes

Embora o século XVII seja geralmente considerado o início da filosofia moderna, alguns autores consideram que é possível traçar antecedentes dela em épocas anteriores.

O nominalismo proposto por Guilherme de Ockham (1285-1349) representou um primeiro ponto de separação entre fé e razão. Essa teoria considerava que as essências universais nada mais eram do que ficções mentais. Portanto, realidades insensíveis como Deus e a alma eram questões de fé e não um domínio acessível à razão.

Além disso, o nominalismo foi a base para o estabelecimento da teoria empirista moderna. E, de acordo com a interpretação de Ockham, conhecimento válido é apenas aquilo que é sensível e cognoscível.

Por sua vez, o Renascimento, ocorrido no século XIV, foi um marco filosófico ao centrar a sua atenção no humanismo, corrente que exalta a figura humana e o seu domínio sobre o mundo.

Ambas as tendências enriquecem a disciplina com a valorização da razão humana. Da mesma forma, dispensam a necessidade de recorrer a entidades superiores, como a figura de Deus.

Características do pensamento moderno

O centro da reflexão da filosofia moderna é como o sujeito pode conhecer o mundo ao seu redor? Ciência e filosofia unem-se como um todo para responder a essa questão, através do que se costuma chamar de “virada antropológica”, que contempla as seguintes características.

Antropocentrismo

Ao contrário da Idade Média, quando a essência da reflexão filosófica era Deus, na Idade Moderna as verdades já não tinham a sua fonte na revelação divina. Em vez disso, a racionalidade é emancipada e se torna autônoma em relação à autoridade das Sagradas Escrituras.

Esse caráter da época é chamado de antropocentrismo, ou seja, o ser humano passa a ser o eixo de toda reflexão. Há um deslocamento do teocentrismo medieval ou da crença em Deus como o núcleo de toda realidade e certeza.

Natureza

Ao longo da filosofia moderna, a natureza torna-se um mistério que o sujeito pensante deve revelar. A ascensão da ciência e tecnologia experimental da época desempenhou um papel importante na exploração e exploração do mundo que nos rodeia.

Para tanto, o campo filosófico toma a natureza como objeto de estudo e incorpora as descobertas da ciência moderna. Esse é o trabalho realizado por pensadores como René Descartes em sua obra Meditações Metafísicas (1641) e Immanuel Kant em sua Crítica da Razão Pura (1781).

Mecanismo

Se a ciência experimental estava focada no estudo da natureza, isso se deve à Revolução Científica do século XVII. Esse ciclo foi dominado pelo mecanicismo, um paradigma que explicava os fenômenos naturais a partir de causas e efeitos físicos. A partir dele, acreditava-se que a natureza funcionava como uma máquina ou mecanismo.

É claro que todos esses desenvolvimentos tiveram como espinha dorsal a ciência empírica e experimental. E o filosófico teve que levar em conta essas descobertas ao pensar a realidade, para se relacionar com o científico.

Singularidade da ciência e do método

É na era da modernidade que tendemos a pensar que a ciência pode ser única. Essa interpretação sugere que tanto a forma como conhecemos a realidade como o sujeito que a conhece só podem ser um. Levando em conta essa perspectiva, os esforços dos filósofos concentraram-se na descoberta de um método universal capaz de ser aplicado a todas as ciências possíveis.

E encontraram na matemática o paradigma perfeito para isso, pelo seu rigor e precisão. Assim, a filosofia incorpora o método graças ao surgimento das ciências experimentais baseadas na matemática moderna.

Principais representantes da filosofia moderna

O pensamento moderno foi dividido em empirismo e racionalismo. O primeiro sustenta que o verdadeiro conhecimento é experiência. Por sua vez, a corrente racionalista destacou o papel da atividade racional do sujeito cognoscente e descartou o real empírico.

A principal diferença entre tais posições é o ponto de partida: mundo concreto para alguns, sujeito e consciência para outros. Os filósofos modernos optaram por uma ou outra dessas correntes. Vejamos as figuras mais proeminentes da época.

Thomas Hobbes (1588-1679)

Esse inglês é conhecido pela sua filosofia política, que exalta o carácter absolutista do Estado. Uma das frases representativas de Thomas Hobbes é “ o homem é o lobo do homem”.

Ele também postula uma teoria empirista do conhecimento, baseada na experiência sensorial. De acordo com ela, só podemos saber o que percebemos através dos nossos sentidos. A perspectiva de Hobbes o leva a rejeitar a existência de verdades absolutas, em consonância com o clima da época.

René Descartes (1596-1650)

Resumida em sua famosa frase “Penso, logo existo”, René Descartes atribuiu um papel importante à consciência e à razão na construção do conhecimento. Soma-se a isso a dúvida metódica usada para conhecer verdades indubitáveis.

Da mesma forma, esse intelectual contribuiu para a filosofia da ciência graças ao uso do método dedutivo e à matematização da realidade. Você pode ver a modernidade no seu pensamento se considerarmos sua abordagem racionalista e a grande confiança que ele deposita na razão humana para conhecer.

John Locke (1632-1704)

De acordo com a teoria do conhecimento apresentada por John Locke em sua obra-prima Essay Concerning Human Understanding (1690), os seres humanos não têm ideias inatas.

Em vez disso, o representante do empirismo inglês propõe a sua doutrina da tábula rasa, para sustentar que a nossa mente é preenchida através da experiência, que pode ser interna ou externa. A primeira reflete e a segunda produz a sensação.

Baruch Spinoza (1632-1677)

O projeto filosófico de Baruch Spinoza visava descobrir a verdade que dá sentido à vida. Nesse aspecto, procura encontrar aquela certeza que confere felicidade ao ser humano.

Através do livro Ética Demonstrada segundo a Ordem Geométrica (1677), orientado para o método geométrico sintético, Spinoza pretende avançar do mais oculto e complexo para o óbvio e claro. O ponto de partida dessa investigação filosófica é Deus, considerado como uma substância infinita que existe por si mesma.

Emanuel Kant (1724-1804)

Com a figura de Immanuel Kant abre-se uma nova era na filosofia moderna. Isso se deve a uma síntese entre racionalismo e empirismo, segundo a qual há uma união entre a experiência universal e a sensível.

A questão que norteia o pensamento de Kant é o que e quanto a compreensão e a razão podem saber, independentemente da experiência. O que está por trás dessa formulação é o questionamento dos limites, a fonte e a extensão do conhecimento metafísico. Lembremo-nos de que as verdades de ordem transcendente deixam de ser uma questão de fé e passam a ser uma questão de razão.

Georg Wilhelm Friedrich Hegel (1770-1831)

Compreender a teoria de Friedrich Hegel é um grande desafio, mas é muito importante para compreender o futuro do pensamento filosófico subsequente. Ele inicia sua reflexão considerando que a razão é completamente independente e absoluta.

Uma das características do pensamento desse alemão é que há uma identificação entre sujeito e objeto, característica que foi apagada pela quase maioria dos filósofos anteriores. Assim, a disciplina surge pela primeira vez como expressão do autoconhecimento que a razão faz de si mesma graças ao movimento dialético.

A modernidade deixou uma grande herança intelectual

A partir do pensamento moderno, existe um antes e um depois na história do conhecimento. Primeiramente, exaltou a importância do ser humano como objeto e sujeito do conhecimento, questão de importância capital para o desenvolvimento do existencialismo, por exemplo.

Outro aspecto notável dessa etapa é o grande progresso que houve não só nas ideias. A filosofia foi nutrida pela Revolução Científica do século XVII e acompanhou o desenvolvimento da ciência com a sua reflexão. Concluindo, esses fatos nos convidam a pensar na valiosa capacidade racional que possuímos e no desejo de buscar a verdade.


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