Melhor desempenho sob pressão: vantagem ou desvantagem?

Se você sente que tem um desempenho melhor sob pressão, pode estar desperdiçando seu potencial. Descubra em que situações isso pode ser uma vantagem ou uma desvantagem.
Melhor desempenho sob pressão: vantagem ou desvantagem?
Elena Sanz

Escrito e verificado por a psicóloga Elena Sanz.

Última atualização: 29 dezembro, 2022

Você foi um daqueles alunos que estudavam na noite anterior ao exame ou talvez um daqueles que precisavam de supervisão constante para completar suas tarefas? Hoje, como adulto, você tende a adiar o trabalho e os projetos quase até o prazo? Talvez você sinta que essa tensão adicional é o que o motiva e o torna eficiente. Mas realmente, é positivo ou negativo ter um melhor desempenho sob pressão?

A resposta não é simples, pois depende de diversos fatores. Desde crianças somos incentivados a abordar projetos e objetivos com tempo e calma; no entanto, muitas pessoas descobriram por si mesmas que, sem esse estímulo adicional, são incapazes de se concentrar e completar suas tarefas. Se você é uma delas, estará interessado em saber as causas e quais são suas consequências.

Realmente, sim, podemos ter um desempenho melhor sob pressão

Mulher estressada no trabalho
Algum grau de ativação pode ser benéfico, e é por isso que muitas pessoas se sentem confortáveis trabalhando sob pressão.

A primeira coisa que você precisa saber é que isso não é sua imaginação: você provavelmente tem um desempenho melhor quando enfrenta uma certa pressão. Isso pode ser causado pela falta de tempo, pela supervisão de um superior ou pelo quanto você arrisca naquela atividade ou projeto.

Esta é uma realidade bem conhecida e contrastada no campo da psicologia, e que se refletiu precisamente na famosa lei de Yerkes-Dodson. Esses autores desenvolveram sua teoria no início do século XX e afirmaram que a relação entre ansiedade e performance assume a forma de um U invertido; ou seja, um certo grau de ativação (física ou mental) é benéfico, mas se for excessivo torna-se contraproducente.

O que acontece é que esse elemento de pressão fornece motivação e nos permite focar mais na tarefa em mãos e ser mais cuidadosos e meticulosos. Sem ela, podemos nos sentir apáticos e abordar o trabalho com relutância e imprecisão. No entanto, se a pressão for demais, nos sentiremos sobrecarregados e paralisados, e teremos um desempenho abaixo de nossas possibilidades.

Agora, calcular o grau exato de ativação que precisamos para um desempenho ideal não é fácil, pois depende de diferentes variáveis. Por exemplo, a personalidade de cada indivíduo ou as características da tarefa: diante de uma atividade simples que conhecemos e dominamos bem, a pressão pode atuar como um estimulante. Ao contrário, diante de um trabalho complexo, desconhecido e no qual não somos muito qualificados, a ansiedade excessiva pode nos levar ao fracasso.

O que está por trás da necessidade de ser pressionado para realizar uma tarefa?

homem pensando
O perfeccionismo e a procrastinação muitas vezes estão por trás da necessidade de trabalhar sob pressão.

Além do exposto, há pessoas que sistematicamente precisam e provocam situações de tensão diante de um trabalho. Geralmente, fazem isso deixando tudo para o último momento e iniciando a atividade quando mal têm tempo para enfrentá-la. Essa tendência, conhecida como procrastinação, muitas vezes esconde o medo de não conseguir completar a tarefa.

Paradoxalmente, é típico dos perfeccionistas: o grau de exigência que colocam sobre si mesmos torna a tarefa avassaladora. Assim, evitam enfrentá-la e adiam indefinidamente o momento de começar, enredando-se em assuntos e tarefas sem importância, até que não tenham escolha a não ser fazê-la.

Eles podem sentir que são pessoas que têm melhor desempenho sob pressão; mas, na realidade, são pessoas com dificuldades em gerir as emoções negativas que o projeto ou atividade em causa lhes provoca.

Melhor desempenho sob pressão: vantagem e desvantagem ao mesmo tempo

Como dissemos, a personalidade é um dos fatores que mais influencia o grau de ativação que podemos suportar antes que nosso desempenho diminua. É exatamente por isso que algumas pessoas sabem como ter um desempenho melhor sob pressão do que outras.

Hoje essa é uma qualidade muito apreciada e valorizada pelas empresas, e na qual os recrutadores tendem a focar nos processos de seleção de pessoal. E é que nos fala da capacidade de realizar um projeto de forma rápida e eficiente, em situações de tensão e sem nos sentirmos sobrecarregados ou paralisados.

Agora, uma coisa é saber agir sob pressão e outra é precisar de pressão para agir. Se você voluntariamente esperar até o último minuto para resolver suas tarefas pendentes, se fizer isso porque precisa dessa pressão para motivá-lo, está cometendo um erro.

Em tal situação, você provavelmente fará um trabalho medíocre; ou, pelo menos, bem abaixo do que você poderia ter feito em outras circunstâncias. A pressão faz com que você não trabalhe mais “para ganhar”, mas simplesmente “para não perder”. Você não pode mais cuidar dos detalhes, revisar ou adicionar novas ideias, você tem que se contentar em simplesmente cumprir.

Por esse motivo, se você é uma pessoa que tende a procrastinar e que não consegue se motivar sem essa pressão extra, talvez precise rever sua dinâmica, seus medos e seu gerenciamento emocional. Ao fazer isso, você estará mais perto de poder realmente explorar seu potencial.


Todas as fontes citadas foram minuciosamente revisadas por nossa equipe para garantir sua qualidade, confiabilidade, atualidade e validade. A bibliografia deste artigo foi considerada confiável e precisa academicamente ou cientificamente.


  • Galarregui, M., Arana, F., & Partarrieu, A. (2011). Procrastinación académica y su relación con Perfeccionismo. In III Congreso Internacional de Investigación y Práctica Profesional en Psicología XVIII Jornadas de Investigación Séptimo Encuentro de Investigadores en Psicología del MERCOSUR. Facultad de Psicología-Universidad de Buenos Aires.
  • Yerkes RM y Dodson JD (1908). “The relation of strength of stimulus to rapidity of habit-formation”. Journal of Comparative Neurology and Psychology. 18: 459–482. doi:10.1002/cne.920180503.

Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.