Qual é a diferença entre psicologia clínica e neuropsicologia?

Embora a psicologia clínica e a neuropsicologia sejam abordagens que compartilham muitas áreas, é necessário saber quais diferenças existem entre elas. De fato, essa é precisamente a chave para identificar como e por que elas se complementam.
Qual é a diferença entre psicologia clínica e neuropsicologia?
María Paula Rojas

Escrito e verificado por a psicóloga María Paula Rojas.

Última atualização: 22 dezembro, 2022

A psicologia é uma ciência que surgiu com a necessidade de conhecer e entender o ser humano. Com o passar do tempo, várias especialidades foram desenvolvidas, as quais foram crescendo de acordo com a área de estudo em que se concentram. É nesse contexto que falamos sobre a diferença entre a psicologia clínica e a neuropsicologia.

Com o surgimento de diferentes abordagens, a especialização e o número de perguntas que enfrentamos também aumentaram. Portanto, este artigo tentará mostrar a diferença entre a psicologia clínica e a neuropsicologia.

Cérebro desenhado

Psicologia clinica

Muitos consideram que a psicologia clínica surgiu em 1896 pelas mãos de Lightner Witmer, quando ele fundou a primeira clínica de psicologia. Esse novo ramo foi consolidado com a fundação da associação psicológica americana, agora conhecida como APA.

Inicialmente, o objetivo da psicologia clínica era procurar traços ou fatores internos que levassem as pessoas a desenvolver uma condição psicopatológica. Ela fazia isso estudando não apenas sua própria condição, mas também os fatores que controlam e intervêm nesse tipo de comportamento.

Seguindo essa linha, essa abordagem da psicologia surgiu como um estudo do “anormal” e, portanto, seu campo de ação foi desenvolvido com base na explicação e no tratamento do que está afetado.

Com o passar do tempo, não só a recuperação começou a ter protagonismo, mas também a prevenção do desenvolvimento de doenças mentais. Por isso, começou o trabalho em técnicas para evitar o desenvolvimento de patologias através da transmissão de hábitos mentais saudáveis.

Da mesma forma, começou a ser implementado o que é conhecido como “terapia de aconselhamento”. Nesta, as pessoas são ensinadas a resolver seus problemas efetivamente, dando destaque a situações que podem surgir em suas vidas diárias. Como resultado, o apoio emocional começa.

Neuropsicologia

A neuropsicologia surgiu formalmente no início do século XX das mãos de A. R. Luria. Em suas pesquisas, ele desenvolveu técnicas para estudar o comportamento de pessoas com algum tipo de lesão no sistema nervoso central.

Esses estudos permitiram que os neurologistas tivessem dados suficientes para localizar o lugar e a extensão da lesão, encontrando o melhor procedimento para a intervenção.

Com esse princípio, seu trabalho se concentra em pessoas que apresentam algum dano cerebral, resultando em uma alteração nas funções cognitivas. Portanto, essa abordagem tem como objetivo a avaliação e reabilitação das funções cognitivas e comportamentais. Atualmente, não se trabalha apenas com pessoas que sofreram danos, mas também com crianças que apresentam dificuldades no desenvolvimento neuronal.

Qual é a diferença entre a psicologia clínica e a neuropsicologia na área clínica?

Em essência, a psicologia clínica trabalha para o diagnóstico e tratamento de transtornos emocionais, de personalidade e problemas comportamentais. Portanto, é responsável por trabalhar problemas como a depressão, a ansiedade, entre outros. Da mesma forma, pode fornecer ferramentas de gerenciamento para transtornos comportamentais, como a hiperatividade.

No campo da prevenção, a psicologia clínica é responsável por ensinar:

  • Estratégias de enfrentamento diante de situações complexas.
  • Habilidades sociais.
  • Compreensão e controle das emoções.

Tudo isso é feito para que a pessoa aprenda a se conhecer e a desenvolver adequadamente esferas sociais e cognitivas. Como resultado, poderá desenvolver uma melhor qualidade de vida.

A diferença da psicologia clínica e da neuropsicologia é o papel que elas desempenham no cenário clínico. Esta última é responsável pela avaliação do funcionamento cognitivo e emocional relacionado a alterações cerebrais. Da mesma forma, desenvolve processos para a reabilitação de funções superiores, para que a pessoa possa desenvolver autonomia e manter sua qualidade de vida.

Portanto, o neuropsicólogo geralmente se concentra em pessoas com problemas de memória, atenção, praxias, gnosias, linguagem e funções executivas. Da mesma forma, são trabalhados aspectos cognitivos relacionados a doenças mentais, como esquizofrenia ou transtorno obsessivo compulsivo.

Entre os objetivos da reabilitação, está tanto a recuperação daquele que sofreu dano quanto o estímulo das funções para que se desenvolvam adequadamente. Da mesma forma, devem ser encontradas estratégias para compensar as funções que não podem ser recuperadas.

Terapeuta acalmando paciente

Na pesquisa, qual é a diferença entre a psicologia clínica e a neuropsicologia?

Atualmente, uma das linhas de pesquisa da psicologia clínica concentra-se no aprofundamento e entendimento de transtornos psicopatológicos. Faz isso para encontrar as diferenças entre as pessoas que têm comportamentos de acordo com o que a sociedade pede e as que não têm.

Da mesma forma, tenta entender e teorizar de maneira mais profunda o desenvolvimento pessoal dos indivíduos. Portanto, seu estudo é direcionado a fatores que podem predispor a pessoa a desenvolver um distúrbio emocional.

Outra abordagem da pesquisa é a psicoterapia. Nesse caso, querem encontrar ferramentas para melhorar sua forma de diagnosticar e tratar transtornos emocionais. Como consequência, desejam desenvolver ferramentas mais precisas e adaptadas para cada um dos transtornos.

Em contraste, a neuropsicologia concentra suas pesquisas em diferentes aspectos. Por um lado, estão começando a trabalhar lado a lado com a neurociência cognitiva, com a finalidade de entender o papel das funções cognitivas superiores no desenvolvimento de patologias psiquiátricas e psicológicas. Também se destina a ajudar a desenvolver estratégias para uma recuperação mais eficaz desses transtornos.

Além disso, as explorações se concentraram em entender as consequências que as pessoas têm por apresentar dificuldades no neurodesenvolvimento. Assim, o estudo concentra-se em patologias que demonstraram estar associadas a dificuldades no desenvolvimento do cérebro, como autismo e TDAH.

Finalmente, a reabilitação neuropsicológica também está em seu foco de interesse. Aqui, querem integrar cada vez mais as ferramentas tecnológicas para uma melhor adaptação das terapias à realidade. Com isso, pretende-se melhorar os resultados, pois as atividades podem ser desenvolvidas muito mais próximas do cotidiano do paciente.

Conclusão

É importante esclarecer que essas duas especialidades, apesar de diferentes, são complementares tanto na prática clínica quanto na pesquisa. Um diagnóstico adequado e tratamento de qualquer tipo de doença psicológica ou neuropsicológica deve incluir a perspectiva das duas especialidades. Ou seja, se complementam para alcançar o objetivo de dar autonomia e qualidade de vida à pessoa.

Mesmo assim, existem diferenças entre a psicologia clínica e a neuropsicologia. É preciso entender que cada umm delas é especializada em diferentes contextos clínicos. Ou seja, uma é responsável pelos transtornos emocionais e comportamentais e a outra se concentra nos déficits cognitivos e nos danos cerebrais.

Por fim, a pesquisa segue caminhos diferentes, focando em aspectos relevantes para cada uma delas. Mesmo assim, os avanços nos dois setores ajudarão a encontrar melhores ferramentas ou explicações para vários aspectos relacionados à saúde mental.


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