O que a psicologia industrial estuda e qual a sua importância?

Esse ramo da psicologia é peça-chave para o funcionamento das organizações. Neste artigo, discutiremos a história e os acontecimentos atuais dessa disciplina.
O que a psicologia industrial estuda e qual a sua importância?

Última atualização: 06 agosto, 2024

A psicologia industrial é a disciplina responsável pela análise, explicação e controle do comportamento humano em ambientes profissionais. Apesar de ter uma curta tradição de existência, conheceu um enorme crescimento nas últimas décadas.

E o trabalho é uma das partes mais importantes de nossas vidas. É por isso que tanto os colaboradores como os chefes estão interessados em compreender a mente humana, de forma a potencializar o desempenho, bem como o bem-estar e a felicidade das equipes. Por todos esses motivos, para ampliar seu conhecimento, a seguir revisaremos esse tema.

História da psicologia industrial

Para encontrar as origens desse ramo da psicologia, temos que voltar ao início do século passado. Os psicólogos Hugo Münsterberg e Walter Dill Scott são considerados os fundadores, com base nos seus estudos experimentais nos quais aplicaram os princípios da psicologia na seleção e formação dos melhores trabalhadores.

Mas, tal como acontece em muitas disciplinas científicas, os maiores avanços nesse campo surgiram após as guerras mundiais. Em 1914, para classificar milhões de recrutas, o exército dos EUA elaborou dois testes de inteligência geral (Army Alpha e Army Beta). Esse evento marcou o nascimento definitivo da psicologia industrial.

Na década de 1920, o estudo se voltou-se mais para a forma como as condições físicas dos empregos e as relações humanas impactam o desempenho no trabalho. Nessa área, destacam-se os experimentos Hawthrone realizados na fábrica da Western Electric Company-Illinois. Isso deixou claro como as condições sociais e relacionais do ambiente de trabalho são muito mais importantes do que as físicas e estruturais.

Durante a Segunda Guerra Mundial, em 1944, a APA (American Psychological Association) reconheceu a natureza científica da psicologia industrial e criou a Divisão 14.

Já na década de 70, a tendência mudou e o foco deixou de ser na produtividade para se concentrar em variáveis como o bem-estar, a inteligência emocional ou a liderança informal. Supõe-se que estão intimamente relacionadas com o desempenho e que não são apenas as competências técnicas que importam. Até hoje, os estudos nesse sentido continuam.

O que a psicologia industrial procura?

Como mencionamos anteriormente, esse ramo da psicologia investiga o comportamento do ser humano em ambientes de trabalho a partir de uma perspectiva científica. Suas áreas de atuação e estudo são múltiplas. Entre os objetivos perseguidos por essa disciplina destacam-se:

  • Analisar cargos: quais são as funções, habilidades, aptidões e atitudes que um funcionário deve ter para desempenhar de forma otimizada as tarefas exigidas por determinado cargo.
  • Selecionar funcionários: definidos os requisitos necessários, é hora de procurar o candidato com tais características. Graças às técnicas e instrumentos, é possível atingir esse objetivo de forma eficiente.
  • Formar profissionais: através desse ramo da psicologia, promove-se a formação constante dos trabalhadores para se adaptarem a um mundo em constante mudança. Isso envolve aprender habilidades emocionais e sociais, bem como técnicas.
  • Motivar e gerenciar sistemas de recompensa: além do salário, trata-se de especificar quais são as principais motivações de uma pessoa para que desempenhe suas funções com satisfação. Como, por exemplo, incentivos, bônus, dias de férias, elogios ou reconhecimento público.
  • Avalie o desempenho: crie métodos e sistemas que permitam uma medida quantitativa do desempenho do trabalhador. É uma forma de ajudar a empresa a saber se os objetivos individuais e empresariais estão sendo alcançados. Também ajuda os gestores a saber se os sistemas de motivação ou o processo de seleção estão funcionando.
  • Adaptar a vaga ao trabalhador: essa é uma disciplina que trata da relação entre seres humanos e máquinas ou sistemas despersonalizados. Por isso, entre as tarefas dessa área, destaca-se a necessidade de adaptar as características do trabalho às condições do trabalhador. A introdução de pausas na atividade ou estrutura de determinadas equipes tem em conta o fator humano no ambiente de trabalho.

O que um psicólogo industrial faz?

O psicólogo dentro da empresa tem a missão de descrever, prever, explicar e controlar o comportamento dos trabalhadores, tanto nas tarefas individuais como em grupo. Ele se posiciona como intermediário entre a empresa e a pessoa, para que ambas atinjam seus objetivos de forma satisfatória, melhorando assim o ambiente de trabalho.

Funções do psicólogo industrial

Com o tempo, as funções do psicólogo industrial se expandiram de acordo com o que as tendências de pesquisa e desenvolvimento consideravam o novo foco de atenção. Portanto, não é fácil defini-los todos. Como exemplo, citaremos alguns:

  • Aconselhar os gestores sobre estilos de liderança eficazes, tanto formais como informais.
  • Selecionar funcionários para contratação com base na filosofia da empresa e nas características do cargo.
  • Promover a cultura própria da organização, fazendo com que os membros se sintam parte e não vivenciem isso de uma forma estranha.
  • Prevenir primariamente os fatores associados ao transtorno mental comum que ocorre no trabalho: a síndrome de burnout.
  • Ajudar na resolução de conflitos. Inclusive, atuando como mediador ou árbitro quando é difícil chegar a uma solução compartilhada.
  • Acompanhar trabalhadores que estejam passando por uma situação pessoal complicada e que possa prejudicar seu desempenho.
  • Promover variáveis psicológicas ligadas ao desempenho no trabalho, como comunicação, criatividade ou trabalho em equipe.
  • Desenhar e aplicar instrumentos de recolha e análise de informação proveniente de diversas fontes; como entrevistas, testes, dinâmicas de grupo, situações de observação ou role-playing.

Formação de psicólogo industrial

Se você se sente atraído por essas funções e deseja se dedicar a essa área da psicologia, é pertinente que conheça a formação que possibilita tal profissão. A primeira coisa é obter o diploma ou bacharelado em psicologia. Isso significa frequentar uma universidade durante quatro ou cinco anos, depende do sistema educacional de cada país.

Depois de concluir a graduação, é possível começar a trabalhar como recrutador ou técnico de seleção e ir ganhando promoções promover internamente; ou optar por um mestrado especializado no assunto, como o Mestrado em Psicologia Organizacional e do Trabalho.

Em ambos os casos, chegar a essa posição requer extensa formação técnica e prática; além de habilidades que vão além, como a capacidade de escutar, a empatia e ser muito observador.

Psicologia industrial e organizacional: é a mesma coisa?

O termo psicologia organizacional é frequentemente usado como sinônimo de industrial. Porém, no campo técnico há uma nuance que estabelece a diferença entre os dois.

Embora seja verdade que ambos tratam do comportamento no local de trabalho, em particular a industrial centra-se no indivíduo e no seu comportamento relacionado com o trabalho.

Por sua vez, a organizacional está interessada no todo. Ou seja, na dinâmica de toda a organização, ou empresa, e na forma como ela influencia as pessoas.



Qual é a importância da psicologia industrial?

Melhorar o desempenho e o ambiente de trabalho são os principais objetivos das empresas hoje. Para alcançá-los, é necessário contar com especialistas na área de psicologia industrial.

Além disso, não é apenas a produtividade que importa. É dada mais atenção aos aspectos que têm a ver com o bem-estar emocional das pessoas no trabalho: o que pensam e como se sentem em relação à empresa, às suas funções e às relações com os colegas.

Ligado ao acima exposto, outra área de estudo em expansão é a satisfação no trabalho. Sendo assim, não importa apenas se os funcionários estão satisfeitos ou não com seu trabalho, mas também quais variáveis administrar para favorecê-lo.

Segundo estudo publicado na Revista Dilemas Contemporáneos, existe uma relação positiva entre satisfação, motivação e desempenho. Portanto, os gestores têm que saber operar essas três colunas para otimizá-las.

A psicologia é um pilar nas empresas

As corporações são essencialmente constituídas por pessoas. Por isso, dentro delas é necessário contar com especialistas que entendam o comportamento e as relações humanas.

Os psicólogos industriais ajudam a empresa a atingir o seu potencial máximo, mas não só isso. Esses profissionais também garantem que a equipe esteja satisfeita e motivada com o que faz. Cumprir os objetivos de ambas as partes exige grande conhecimento teórico e experiência no setor.


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