Transtorno de personalidade histriônica: Você conhece alguém muito sedutor e influenciável?

Transtorno de personalidade histriônica: Você conhece alguém muito sedutor e influenciável?

Última atualização: 07 setembro, 2017

Uma pessoa com transtorno de personalidade histriônica se caracteriza por um padrão de tendências cognitivas, comportamentais e emocionais onde se destacam o comportamento sedutor, dramático, muito influenciável, e uma grande instabilidade emocional. Além disso, aqueles que têm um transtorno de personalidade histriônica, a curto prazo, geram um magnetismo que atrai o restante das pessoas.

Desta forma, entendemos que podemos observar a personalidade histriônica naqueles indivíduos que são sedutores, que estão sempre buscando atrair a atenção dos outros e são muito influenciáveis. Apresentam sentimentos intensos, exageram a importância dos acontecimentos e parecem estar sempre “representando um personagem”.

O transtorno de personalidade histriônica no cinema: “Bonequinha de luxo”

Se você se lembra do filme “Bonequinha de luxo”(Breakfast at Tiffany’s, Blake Edwards, 1961) e a personagem de Holly Golightly (interpretada por Audrey Hepburn), pode perceber que Holly exemplifica o transtorno de personalidade histriônica. Ela é uma mulher que quer se tornar uma atriz, leva uma vida louca e extravagante, e também é muito influenciável. Ela se convence de que está apaixonada pelos homens que cruzam o seu caminho e faz da sua vida uma peça de teatro.

Bonequinha de luxo

Neste artigo, tentaremos explicar de uma forma simples como identificar um distúrbio de personalidade histriônico, quais são as suas causas e qual é a abordagem terapêutica mais adequada.

Qual é a diferença entre um transtorno de personalidade e uma forma de ser?

Considera-se que estamos diante de um transtorno psicológico e não diante de um “modo de ser”, quando esse tipo de personalidade afeta seriamente a pessoa que o manifesta e as pessoas que convivem com ela. As pessoas mais próximas daqueles que sofrem um distúrbio de personalidade sofrem muito porque é uma condição psicopatológica que é egossintônica (comportamentos, sentimentos, ideias, crenças do indivíduo que se encontram de acordo, ou em sintonia com o seu ego), portanto, para elas esse comportamento é “normal”. Isso significa que a desordem está integrada na estrutura psicológica da pessoa, faz parte do seu modo de ser.

Ao contrário de um Transtorno de Ansiedade ou um Transtorno Obsessivo Compulsivo que é experimentado como algo externo que invade a pessoa e tem um ponto de partida (transtornos egodistônicos), os transtornos de personalidade começam a se desenvolver antes da adolescência, pouco a pouco, e a pessoa não o percebe como um fenômeno alheio a si mesmo.

“O curioso paradoxo é que quando me aceito, posso mudar”.
 – Carl Rogers –

Os distúrbios de personalidade também são caracterizados pela grande quantidade de problemas e conflitos que geram no contexto social mais próximo. A diferença entre um “modo de ser”, que pode ser mudado com relativa rapidez em sessões de terapia psicológica, e os transtornos de personalidade é que os transtornos são resistentes ao tratamento. Além disso, aqueles que têm um transtorno de personalidade evitam ir ao psicólogo porque acreditam que “sempre foram assim” e que os “seus problemas são culpa dos outros”.

Como diagnosticar o transtorno de personalidade histriônica?

Para diagnosticar um transtorno mental, os critérios mais utilizados na psiquiatria e na psicologia são os estabelecidos pela American Psychological Association (APA). Atualmente, o termo proposto pela APA no Manual de Diagnóstico Estatístico dos Transtornos Mentais (DSM-5) para este tipo de comportamento é o de “Transtorno da personalidade histriônica”. De acordo com a APA, o transtorno de personalidade histriônica pertence ao Grupo B dos transtornos de personalidade, caracterizado pela habilidade emocional, pela dramaticidade e extroversão.

Saiba como identificar um transtorno de personalidade histriônica

Você pode conhecer várias pessoas que se encaixam nessa descrição por serem dramáticas, sedutoras e influenciáveis, mas isso não significa que todas elas tenham um transtorno de personalidade histriônica. Para poder dizer que alguém possui um transtorno de personalidade histriônica, é necessário que ela apresente cinco ou mais dos seguintes critérios:

  • Ela se sente desconfortável em situações onde não é o centro das atenções.
  • A interação com os outros é frequentemente caracterizada por comportamentos sexualmente sedutores ou provocativos.
  • Apresenta mudanças rápidas e pouco expressivas das emoções.
  • Utiliza constantemente a aparência física para atrair a atenção.
  • Tem uma forma de falar baseada nas suas impressões e carente de detalhes.
  • Demonstra dramatização, teatralidade e expressão exagerada das emoções.
  • É sugestionável (ou seja, facilmente influenciada pelos outros ou pelas circunstâncias).
  • Ela considera os relacionamentos mais estreitos do que realmente são.

Além da pessoa apresentar cinco ou mais dos critérios acima, é necessário que estes se manifestem desde o final da adolescência e o início da idade adulta para poder estabelecer o diagnóstico de transtorno de personalidade histriônica. Quando os critérios de diagnóstico não são atendidos na quantidade ou no tempo, podemos dizer que é uma pessoa com um padrão, perfil ou estilo de personalidade histriônica.

Pessoa com transtorno de personalidade histriônica

Como se desenvolve um distúrbio de personalidade histriônica?

Como a maioria dos transtornos psicopatológicos, o transtorno de personalidade histriônica é multicausal. Isso implica que podem existir várias causas para o seu desenvolvimento e, na maioria dos indivíduos, há uma vulnerabilidade (biológica, psicológica, social) que interage com o meio ambiente (aprendizagem, educação, uso de drogas, relações afetivas).

No entanto, ao contrário de outros distúrbios psicológicos que podem ter um gatilho identificável, como por exemplo, um período de ansiedade contínua que resulta em ataques de pânico ou uma perda de trabalho que resulta em depressão, nos transtornos de personalidade não há um fator desencadeante da psicopatologia.

“Mesmo quando a meta não é completamente alcançável, nos tornamos melhores quando buscamos um objetivo maior”.
 – Victor Frankl –

O tratamento do transtorno de personalidade histriônica

Tratamento com terapia cognitivo-comportamental

Para o tratamento desse transtorno são utilizadas diferentes técnicas, como o controle dos impulsos, a inteligência emocional, aperfeiçoar os padrões de pensamento e trabalhar as distorções cognitivas. Os principais objetivos do tratamento são:

  • Neutralizar o seu estilo de pensamento global e difuso.
  • Distinguir as fantasias da realidade.
  • Ser mais realista nas atribuições de causa e efeito.
  • Ter maior controle sobre os seus comportamentos impulsivos.
  • Melhorar o conceito que a pessoa tem de si mesma.
  • Aumentar as habilidades psicológicas interpessoais e intrapessoais.

O treinamento em habilidades sociais e assertividade é fundamental para a melhora do transtorno, já que são pessoas que estão acostumadas a manipular as suas relações interpessoais com crises emocionais, queixas e outras atitudes não assertivas (muitas vezes podem ser agressivas).

Uma parte importante da terapia psicológica é ajudar o paciente a identificar o que quer, o que sente, o que o incomoda e como expressá-lo adequadamente. Como parte deste treinamento em assertividade, o terapeuta questiona a sua crença de que a perda de um relacionamento seria algo desastroso e lhe mostra que a rejeição não é catastrófica.

Embora seja uma desordem que tem um tratamento clínico complicado, a melhora desses pacientes não é impossível. A terapia é fundamental, permite que as pessoas com esse transtorno se libertem do grande sofrimento que sua psicopatologia gera. Além disso, permite que elas reconheçam e assumam o sofrimento que o seu comportamento provoca no ambiente onde vivem, ajudando-as a reparar os “sofrimentos causados” e a ganhar qualidade de vida.


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.