O que é hexacosioi-hexeconta-hexafobia?

Esse medo irracional de um número, em grande parte influenciado pelo cristianismo, moldou o pensamento coletivo atual. Sua curiosidade foi despertada? Aqui contamos tudo sobre essa fobia.
O que é hexacosioi-hexeconta-hexafobia?
Sara González Juárez

Escrito e verificado por a psicóloga Sara González Juárez.

Última atualização: 28 maio, 2024

Hexacosioi-hexeconta-hexafobia, uma palavra de 28 letras difícil de ler, é uma das fobias mais raras que podem ser encontradas. Refere-se ao medo produzido pelo número 666, associado à besta na ideologia cristã.

Embora pareça fácil conviver com um medo desse tipo, visto que geralmente não se encontram demônios nas ruas e é possível evitar a visão do número, nem sempre é assim. Para entender melhor esse problema, trazemos uma definição completa, suas origens e o tratamento que lhe é aplicado.

Hexacosioi-hexeconta-hexafobia: uma fobia específica

A hexacosioi-hexeconta-hexafobia, também conhecida como trihexafobia, é classificada como uma fobia específica de acordo com os critérios do DSM-V. São classificadas como parte dos transtornos de ansiedade, pois se caracterizam pelo medo intenso e irracional de um objeto, crença ou evento.

Especificamente, esse medo concentra-se no número 666. Como o número aparece no versículo bíblico Apocalipse 13:18, para anunciar que é a marca da besta, sua origem está nas crenças cristãs. Ainda assim, através da influência desta religião e cultura popular, algumas pessoas desenvolvem medo sem serem crentes fervorosos.



Sintomas associados

Alguém que sofre com o medo do 666 demonstra um medo intenso de ver o número ou ansiedade diante da possibilidade de encontrá-lo. Além disso, esse medo persiste por um longo período (6 meses ou mais). Em geral, os seguintes sintomas são comuns aos que aparecem em outras fobias específicas:

  • Cognitivos: hipervigilância, crenças irracionais ou pensamentos intrusivos sobre o número.
  • Físicos: tremores, calafrios, náuseas, sudorese, dificuldade para respirar e muito mais. Há uma reação desproporcional ao perigo real (nesse caso, nenhum).
  • Comportamentais: evitar os dígitos através de rituais comportamentais, rotas alternativas e outros processos complexos da vida diária, como mudar o nome ou o número da casa. Além disso, essas pessoas pulam, por exemplo, as ruas ou páginas de um livro que possui 666.
Nos casos mais graves de fobia do 666, evita-se o número em resultados de operações matemáticas.

De onde vem essa fobia?

Para a sociedade moderna, na qual a religião se tornou uma prática pessoal, talvez seja estranho pensar em desenvolver uma fobia a partir de um versículo bíblico. Porém, a figura do diabo é poderosa para quem segue o cristianismo, pois é considerada invisível, destrutiva e, acima de tudo, enganosa.

Assim, poderia estar em qualquer lugar gerando o mal e deixando sua marca de forma oculta. Portanto, é fácil ficar obcecado com o número quando a ansiedade é a força motriz. Esse medo é frequentemente encontrado na vida cotidiana quando alguém sofre de um estado de hipervigilância. Da mesma forma, é fácil associar a possibilidade de sua presença a acontecimentos desagradáveis, o que reforça o medo.

Deve-se notar também que a religião cristã moldou em grande parte a sociedade em que vivemos agora. Convivemos com seus símbolos nos meios audiovisuais, superstições e crenças populares.

Por exemplo, o ex-presidente dos EUA Ronald Reagan e sua esposa Nancy Reagan mudaram o endereço de sua residência em Bel Air, Los Angeles, para que não fosse 666 St. Cloud Road; eles mudaram para 668.

Da mesma forma, durante uma data marcante do calendário gregoriano, 6 de junho de 2006, os Ministérios Embaixadores evangélicos da Holanda realizaram uma vigília de 24 horas com o propósito de afastar os demônios. E na América do Norte, a Rodovia 666 recebeu o nome de Rodovia 491.

É possível superar a hexacosioi-hexeconta-hexafobia?

O tratamento de escolha para a hexacosioi-hexeconta-hexafobia é o mesmo das outras fobias: exposição sistemática ou dessensibilização. Ou seja, enfrentar o objeto do medo até que ocorra a redução da resposta ao medo. Isso é feito com o auxílio de um profissional de psicologia e de forma gradual, desde que respeitado o tempo do paciente.

Por outro lado, é útil acrescentar a técnica de reestruturação cognitiva, pois é uma fobia baseada em crenças irracionais. Por meio dela, os pensamentos distorcidos do paciente são analisados e modificados para libertá-lo do desconforto que causam.

No caso específico dos religiosos, uma conversa com um padre é uma boa opção, pois pode instruí-lo no estudo da Bíblia, já que também existem interpretações dessa passagem que ligam 666 ao imperador Nero ou Domiciano. Dessa forma, o número fica desvinculado da vida cotidiana.

Por fim, na abordagem são utilizadas estratégias para gerenciar a ansiedade, como relaxamento, meditação e técnicas de respiração, que provaram ser eficazes em muitas ocasiões, tanto na redução dos sintomas físicos como cognitivos.



A importância de procurar um profissional

Embora seja uma fobia curiosa e rara, tem algo em comum com as demais: tem impacto no dia a dia da pessoa. Como em outras desse tipo, a intensidade do medo que gera acaba condicionando a rotina do paciente e, com o tempo, pode se tornar o eixo em torno do qual gira todo o seu mundo.

Esse é um problema muito difícil de superar sozinho. Portanto, o melhor é procurar um profissional de psicologia, de quem você obterá informações de qualidade, apoio terapêutico e ferramentas para enfrentar o medo. Se você sofre desse transtorno de ansiedade, não hesite em pedir ajuda.


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