3 tratamentos mais eficazes para dependência emocional

Se você precisa cada vez mais do seu parceiro e tem dificuldade em construir vínculos afetivos nos quais não se descuide da sua autonomia, deve conhecer as abordagens relevantes para tratar essa dependência. No artigo a seguir você encontrará as respostas.

Escrito e verificado por a psicóloga Valeria Sabater.

Última atualização: 09 novembro, 2023

Os tratamentos mais eficazes para a dependência emocional tendem a se concentrar, quase sempre, em aspectos relacionados ao apego. De certa maneira, a forma de se relacionar com o parceiro tem muito a ver com as necessidades emocionais e como foram essas dinâmicas afetivas iniciais com os cuidadores na infância.

Superar uma dependência doentia, portanto, requer um trabalho profundo. É comum que outros problemas subjacentes fiquem ocultos por trás dessas situações. O transtorno de personalidade dependente, assim como os transtornos de ansiedade, medeiam essas realidades clínicas.

Sempre partir de um bom diagnóstico permitirá elucidar a melhor forma de atender às necessidades de quem solicita ajuda especializada. Saiba, portanto, quais terapias seriam as mais indicadas em cada caso.

Os tratamentos mais eficazes para a dependência emocional

Numa relação de casal feliz haverá sempre um substrato básico e saudável de dependência emocional. É verdade que, nos últimos anos, a frase “liberte-se de apegos e dependências para ser feliz em seu relacionamento” se repetiu com constância. Atualmente, essas ideias são meras proclamações para uma forma de individualismo que não é lógica.

Lembre-se de que somos seres emocionais que estão ligados e, portanto, é completamente compreensível sentir uma certa dependência das pessoas que amamos. O aborrecimento surge se você se tornar um satélite que gravita exclusivamente em torno de seu parceiro.

A exaustão psicológica surge quando você usa a pessoa amada como único suprimento de felicidade. Então, a identidade se torna turva, a autoestima se fragmenta, a felicidade desaparece e o relacionamento se torna sufocante. O que fazer nessas circunstâncias? Quais as estratégias terapêuticas mais adequadas? Confira mais detalhes a seguir.

1. Terapia baseada no apego

Entre os tratamentos mais eficazes para a dependência emocional está a abordagem baseada no apego. É um modelo que, nesse momento, tem muita repercussão nos ambientes terapêuticos. A razão é que nos permite entender e trabalhar aspectos como a possível presença de traumas, as necessidades emocionais da pessoa e sua forma de entender os relacionamentos.

Assim, o primeiro passo nessas situações é avaliar o tipo de apego em evidência. Para tanto, estão disponíveis instrumentos como os descritos em um estudo da Universidade de Copenhague; o “sistema de codificação do apego do paciente (PACS)” também ajuda a decidir qual abordagem é a mais apropriada para cada paciente.

Veja quais são as estratégias terapêuticas aplicáveis para tratar a dependência emocional:

• A terapia focada na emoção também é decisiva para ajudar a pessoa a construir vínculos emocionalmente maduros.
• Trabalhar as defesas do paciente contribui para o contato com aquelas narrativas internas que provocam padrões de relacionamento disfuncionais e infelizes.
• O tratamento baseado em mentalização (MBT) permite que uma pessoa entenda melhor a si mesma e aos outros, além de regular de maneira ideal suas emoções e comportamentos, ao entender como sua mente funciona.

2. Terapia de esquemas emocionais

A terapia de esquemas emocionais é uma abordagem integrativa que combina terapia cognitivo-comportamental com Gestalt e psicanálise. Facilita a compreensão dos padrões de pensamento e emoção desadaptativos. O modelo foi desenvolvido pelo psicólogo Jeffrey Young em meados da década de 1980 e é amplamente aceito.

O International Journal of Cognitive Therapy destaca a utilidade dessa terapia quando se trata de gerenciar essas emoções conflitantes que sustentam grande parte dos problemas cotidianos. Se está entre os tratamentos mais eficazes para a dependência emocional, é devido aos seguintes motivos:

• Integra uma melhor autoconsciência emocional.
• Desativa comportamentos relacionais autodestrutivos.
• Desenvolve habilidades de autocompaixão e autovalidação.
• O paciente aprende a satisfazer suas próprias necessidades emocionais.
• É uma terapia válida e eficaz para transtorno de personalidade dependente.
• A terapia do esquema aumenta a responsabilidade e a independência da pessoa.
• Permite detectar esquemas de pensamento herdados da infância que dificultam relacionamentos saudáveis.
• Permite compreender que não é possível basear um relacionamento em esperar que a outra pessoa satisfaça todas as suas necessidades. Para ter uma boa saúde emocional, os esquemas mentais disfuncionais devem ser desativados e substituídos por outros fortalecedores. “Também sou responsável por mim e por isso escolho cuidar de mim e validar-me”.

3. Terapia cognitivo-comportamental

A anatomia da dependência emocional esconde em seus fundamentos múltiplos sintomas e comorbidades. Pesquisas como a realizada na Universidade Eafit, na Colômbia, indicam que muitos pacientes com esse padrão relacional apresentam ansiedade, depressão e comportamento impulsivo, por exemplo.

Isso leva a outro dos tratamentos mais eficazes para a dependência emocional:a terapia cognitivo-comportamental. Um artigo da revista Frontiers in Psychology argumenta que é a técnica de primeira linha usada com mais frequência para um grande número de problemas e transtornos mentais. É também o modelo com maior respaldo científico. O seguinte é o seu potencial contra a dependência afetiva:

• Fortalece a autoestima.
• Trabalhe o diálogo interno negativo.
• Neutraliza mecanismos de defesa e autocrítica.
• Promove o desenvolvimento de habilidades sociais e emocionais.
• Abrange possíveis depressões, traumas e transtornos de ansiedade.
• Desenvolve habilidades de autocuidado e responsabilidade pessoal.
• Guia para entender como construir relacionamentos mais saudáveis.
• A pessoa coloca em pratica hábitos e comportamentos mais enriquecedores e satisfatórios.
• Oferece à pessoa ferramentas de mudança, desativando padrões mentais disfuncionais.

Solte a muleta da dependência emocional excessiva

Ninguém pode viver apenas de “amor próprio”. Ou seja, o bem-estar não depende apenas da validação e do carinho dado a si mesmo. O amor e o carinho dos outros também são necessários para se sentir realizado, pleno e feliz. Isso faz, mais de uma vez, cair na sufocante armadilha da dependência emocional e dessa lenta autodestruição.

Tente ficar no meio termo, ali onde esperar os reforços emocionais da pessoa amada, mas sem fazer dela o seu único suprimento existencial. A felicidade também é se ver como um ser valioso e livre que, embora goste de estar em um relacionamento, também se deleita com sua própria independência.