Quais são os sintomas de se apaixonar?

É verdade, às vezes pode ser difícil saber se o que você sente é amor ou simples atração. Se você está nesta encruzilhada agora, nós o ajudamos a decodificar os sinais.
Quais são os sintomas de se apaixonar?
Valeria Sabater

Escrito e verificado por a psicóloga Valeria Sabater.

Última atualização: 13 novembro, 2024

Uma das “máquinas” psicobiológicas e emocionais mais fascinantes e misteriosas é o amor. A neurociência ainda não conseguiu definir exatamente o que acontece no nosso cérebro quando nos apaixonamos. Sabemos, por exemplo, que são desencadeados infinitos processos, como o aumento da dopamina, ativando centros de recompensa, como acontece com qualquer vício.

Desejo, motivação, obsessão, idealização, necessidade de proteger o outro… A mente muda quando alguém especial aparece em sua vida e sequestra sua atenção. Na verdade, apaixonar-se traz consigo sintomas notáveis ou mudanças psicofísicas capazes de virar a sua realidade de cabeça para baixo. Você para de comer, dorme menos, fica mais nervoso, etc. Temos certeza de que você vai adorar saber mais sobre esse assunto.

O que uma pessoa sente quando está apaixonada?

O amor é um impulso, uma necessidade biológica que define o ser humano e que “floresce”, por assim dizer, no cérebro. Esse fascinante órgão às vezes tem dificuldade em discernir o que está acontecendo com ele. “O que sinto é amor ou é apenas atração física?” Embora possa parecer surpreendente, há muitas pessoas que não sabem ao certo se estão ou não apaixonadas. Esclarecemos os sintomas abaixo.

Sintomas emocionais

Ao descrever os sintomas da paixão, é fundamental começar pela pedra angular: as emoções. Se há algo que você notará aumentando, são os níveis de ansiedade, alterações de humor, nervosismo em seu estômago quando você está perto da pessoa amada. Toda esta mistura de sensações é dominada por um coquetel muito complexo de neuropeptídeos e neurotransmissores.

Por sua vez, conforme destacado no Indian Journal of Endocrinology and Metabolism, esses mecanismos emocionais que criam o amor romântico têm como objetivo motivar o comportamento para conseguir um vínculo, ou seja, para encontrar um parceiro. Descrevemos as características mais recorrentes associadas a essa primeira esfera:

  • Ciúme: o cérebro apaixonado não consegue evitar e muitas vezes fica preocupado ao pensar que a pessoa que você gosta está com alguém que não é você.
  • Empatia intensa: outro dos sintomas comuns da paixão é sentir uma sensibilidade especial pelos sentimentos, problemas ou necessidades dessa pessoa.
  • Ansiedade: você sente frio na barriga? Pois bem, na realidade é ansiedade, inquietação ou nervosismo devido aos sentimentos que você nutre por aquela pessoa especial e que começam a se tornar mais perceptíveis.
  • Medo da rejeição: poucas coisas podem ser mais devastadoras do que ser rejeitado, não sentir o mesmo desejo, atração e carinho que se sente pela outra pessoa. Essa é uma emoção que também o visitará com frequência.
  • Idealização: quem nunca fez isso em algum momento? Nada é tão comum quanto aplicar esse preconceito mental quando você gosta de alguém. Aos poucos você vai focar apenas em ver as qualidades positivas daquela pessoa, a ponto de minimizar os defeitos.
  • Esperança e otimismo: quando você se apaixona, um sentimento indefinível de esperança e positividade floresce dentro de você. Não é que você veja tudo rosa, é que o amor faz você ver a realidade de uma forma mais resiliente, confiante e emocionante.
  • Euforia: a princípio você não sabe muito bem a que se deve aquela energia interna, aquela mistura de alegria, inquietação, motivação e ansiedade. O que você sente é euforia, ou seja, uma ativação geral do seu humor ao estar perto ou pensar nessa pessoa.
  • Entusiasmo transbordante: quase sem saber como, às vezes você é dominado por um entusiasmo repentino capaz de fazer você se sentir mais vivo do que nunca e tornar a sua realidade mais brilhante. Embora depois de horas essa energia emocional diminua.
  • Insegurança: essa é outra das emoções mais recorrentes e difíceis de regular. Em certos momentos você fica radiante e feliz, mas logo surgem dúvidas se você é suficiente para aquela pessoa por quem se sente atraído, se valerá a pena dar o passo ou se vai sofrer novamente como aconteceu no seu relacionamento anterior.
  • Apego emocional: esse termo é nutrido pela teoria de John Bowly e define a necessidade de apego emocional que temos. Nessa primeira fase de se apaixonar, você notará aquele impulso de conseguir uma proximidade mais íntima, de conhecer aspectos mais íntimos daquela pessoa, você se preocupará mais com seu bem-estar, de saber como a pessoa se sente, quais são seus sonhos, aspirações são, etc.

Sintomas comportamentais

Uma das figuras mais relevantes no estudo do amor e do enamoramento é a antropóloga norte-americana Helen Fisher. Em seu livro Why We Love (2007), ele aponta quais respostas o cérebro desencadeia nesses momentos. Um exemplo disso é a dopamina e a epinefrina, dois combustíveis biológicos capazes de alterar o seu comportamento de várias maneiras. Vejamos em detalhes:

  • Gestos de carinho e cuidado: um efeito recorrente é o aparecimento do desejo de proteger, cuidar e buscar contato físico através de gestos simples, como carícias.
  • Imitação e sincronia: pode parecer curioso para você, mas as pessoas apaixonadas sem perceber imitam os gestos umas das outras, bem como suas posturas e padrões de fala.
  • Comportamentos altruístas: quando você está apaixonado, não hesita em fazer qualquer coisa por aquela pessoa. Tanto que às vezes você faz sacrifícios pessoais só para ver aquela pessoa feliz.
  • Mudança na aparência: é muito comum você tentar melhorar um pouco mais sua aparência física para ficar mais atraente, então haverá uma tendência a comprar roupas novas, experimentar penteados diferentes, etc.
  • Precisa estar próximo: você procura qualquer oportunidade de estar próximo da pessoa que lhe interessa. Você inventa desculpas para vê-la, inicia conversas sobre qualquer assunto, manda mensagens fazendo propostas…

Sintomas fisiológicos

Quando você se apaixona, o circuito de recompensa do seu cérebro fica hiperativo. Isso faz com que você experimente uma grande variedade de respostas físicas e emocionais, como coração acelerado, tremores no estômago, insônia, suor quando está perto de alguém de quem você gosta, para citar alguns. Vamos revisá-los mais detalhadamente:

  • Palmas das mãos suadas: seu sistema nervoso simpático está mais ativo do que outras vezes, causando suor nas mãos ou mesmo em outras partes do corpo.
  • Boca seca: irritante e desconfortável. A razão pela qual isso acontece é que a excitação e o nervosismo podem inibir temporariamente a produção de saliva.
  • Mãos trêmulas ou voz trêmula: a ansiedade ou a intensidade emocional costumam causar tremores leves, especificamente nas mãos ou na voz, devido aos efeitos da adrenalina.
  • Rubor facial: você costuma corar quando está perto de alguém por quem se sente atraído ou de quem gosta? Esse sinal está relacionado à dilatação dos vasos sanguíneos e ao aumento do fluxo sanguíneo na pele.
  • Perda de apetite: apaixonar-se pode levar à diminuição temporária do apetite, devido aos altos níveis de dopamina que atuam como estimulantes e reduzem a sensação de fome.
  • Dificuldade para dormir: o aumento da produção de dopamina e norepinefrina também pode causar insônia. A razão é que esses neurotransmissores estão associados à excitação mental e à hiperatividade.
  • Aumento da frequência cardíaca: quando você está perto dessa pessoa, seu coração tende a bater mais rápido. Isso ocorre, sobretudo, pela liberação de adrenalina e noradrenalina que preparam o corpo para uma resposta emocional intensa.
  • Sensação de “frio na barriga”: esse sintoma é uma resposta orgânica à ansiedade de que falamos acima. O que acontece do ponto de vista fisiológico é que surge uma diminuição do fluxo sanguíneo no sistema digestivo devido à excitação do sistema nervoso simpático, o que provoca uma sensação de vazio ou movimento no estômago.

Sintomas cognitivos

O amor também modifica a sua mente, torna-o um pouco mais obsessivo e convida-o a fantasiar, a criar as imagens mais tórridas e emocionantes. Todas essas são pequenas nuances que compõem a paixão humana. Também acontece o seguinte:

  • Distorção do tempo: quando você está com a pessoa em questão, o tempo é percebido de forma diferente. Os momentos ao seu lado parecem um suspiro; mas se você estiver longe, as horas e os dias serão mais difíceis de suportar.
  • Pensamentos obsessivos: uma característica fundamental de se apaixonar é a dificuldade de parar de pensar naquela pessoa. Isso se deve a um aumento na atividade da dopamina, que cria um ciclo onde seus pensamentos ficam fixados 24 horas por dia, 7 dias por semana, em quem você gosta.
  • Fantasias e planejamento futuro: pessoas apaixonadas geram mais pensamentos relacionados ao futuro, como planos de vida conjuntos ou cenários imaginados com a pessoa que amam. Essas fantasias e projeções são uma forma de autorreforço e motivação emocional.
  • Déficit de atenção para outras pessoas ou atividades: toda a sua atenção está voltada para uma direção: aquela pessoa especial. Você mal consegue evitar, mas tem dificuldade em ser produtivo e manter o foco em qualquer coisa que não seja ele ou ela, então aqueles que o conhecem melhor perceberão que algo está errado com você.
  • Perda de objetividade: o amor pode fazer com que você tenha algumas dificuldades em perceber e avaliar objetivamente aquela pessoa que ocupa cada vez mais seu coração. Não há como não vê-lo através das lentes douradas da idealização, em que tudo o que ela faz, diz, expressa ou decide é perfeito.

Qual é a diferença entre paixão e atração?

Nesse ponto, você provavelmente está se perguntando se o que está sentindo é amor ou apenas atração. Bem, a verdade é que as duas esferas aparecem juntas em muitos casos. Conforme indicado no Mapeamento do Cérebro Humano, a atração costuma ser o primeiro passo ou a motivação inicial para posteriormente desenvolver um relacionamento.

Agora, às vezes essa linha não é ultrapassada e ficamos no reino do desejo, do impulso sexual e da simples atração. Para diferenciar esses dois cenários, desenvolvemos algumas dicas básicas:

  • Quando há amor: é uma realidade psicobiológica e emocional mais profunda e complexa. O amor implica um intenso compromisso emocional que não se limita a uma simples resposta física e sexual (que também está presente), mas inclui uma forte ligação emocional, um compromisso e a vontade de construir um projeto ou um futuro comum.
  • Quando é apenas atração: esse estado costuma ser de curta duração e se caracteriza por uma resposta biológica e instintiva, longe da conexão emocional. Dessa forma, a pessoa centra-se nas qualidades atrativas do outro, como a sua aparência física, tom de voz, comportamento ou mesmo os seus interesses, atitudes ou inteligência. A atração é uma resposta superficial que pode surgir rapidamente e desaparecer em pouco tempo.

Apaixonar-se: entre a felicidade e os medos

É possível que, depois de ler esses sinais, você tenha chegado à conclusão inevitável de que está perdidamente apaixonado. Essa experiência emocional costuma ser acompanhada por uma lista interminável de dúvidas: “Será que a outra pessoa retribuirá? O que acontecerá se ela não gostar mais de mim? E se essa história falhar como meus outros relacionamentos?”…

Sentir medos e preocupações ao se apaixonar é normal e compreensível. Mas não fique atrás desse muro de inseguranças. O amor é algo que sempre valerá a pena e, por isso, exige coragem e autoconfiança. Lembre-se, também, de que o amor que vale a pena é aquele que entende a linguagem da reciprocidade, da confiança, da ternura e da cumplicidade.


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