5 diferenças entre autoestima e autoconfiança com exemplos

Embora a autoconfiança faça parte da autoestima, ambas apresentam diferenças sutis que você gostará de conhecer. Descubra quais são no artigo a seguir para que você possa cuidar desses aspectos e melhorar seu bem-estar psicológico.
5 diferenças entre autoestima e autoconfiança com exemplos
Valeria Sabater

Escrito e verificado por a psicóloga Valeria Sabater.

Última atualização: 05 outubro, 2023

As diferenças entre autoestima e autoconfiança podem parecer sutis para você, mas, na verdade, constituem duas áreas com características únicas. A primeira foca no valor que você atribui a si mesmo como pessoa, enquanto a segunda está mais ligada às suas habilidades, ao que você acha que pode fazer. São esferas de grande relevância para sua identidade e bem-estar mental.

Como nuance interessante, deve-se notar que ambas as dimensões podem ser melhoradas e fortalecidas na direção certa. Muitas vezes, seu ambiente ou experiências negativas podem afetar suas habilidades ou a maneira como você se percebe. Portanto, conhecer com exemplos as características que definem esses dois construtos psicológicos será uma ferramenta muito prática para você.

Tanto a autoconfiança quanto a autoestima são sempre baseadas nas avaliações que você faz de si mesmo todos os dias e como você se sente em determinados contextos.

Diferenças entre autoestima e autoconfiança

O psicoterapeuta Nathaniel Branden nos explicou, em seu famoso livro Autoestima e os Seus Seis Pilares (2011), que boa parte dos nossos problemas psicológicos tem origem no enfraquecimento desse fator.

Da mesma forma, é importante saber que a autoconfiança faz parte da autoestima, mas ambas possuem mecanismos diferentes. Fortalecê-las e cuidar delas irá proteger você, por exemplo, de sintomas depressivos.

Por outro lado, como curiosidade, deve-se notar que é mais fácil para as pessoas desenvolver sua autoconfiança do que construir uma autoestima saudável. Esta última dimensão sempre atua como aquele desafio difícil de realizar e que condiciona sua vida de muitas maneiras. Trabalhos como o publicado na PloS One destacam como essa construção afeta até mesmo seus relacionamentos como casal.

Explicamos a seguir quais são as principais diferenças entre autoestima e autoconfiança.



1. Os propósitos com os quais ajudam você

Embora tanto a autoestima quanto a autoconfiança permitam construir uma imagem positiva e competente de si mesmo, cada uma delas é orientada para um propósito muito específico. Tanto é assim que ambas podem mediar suas tarefas diárias de maneiras diferentes. Confira mais detalhes abaixo.

Autoestima

  • Define como você se vê e a opinião que tem de si mesmo.
  • Permite que você se sinta integrado, parte de uma cena social.
  • Com ela, você faz avaliações subjetivas de seu próprio valor.
  • Seu objetivo é construir uma imagem geral positiva e saudável de sua própria pessoa.
  • A autoestima também foca em dar relevância ao que você acha que os outros pensam de você.
  • Graças a ela, você se sente bem por quem você é, por sua personalidade, sua aparência física, resolução, etc.
  • É a força interna que atua como protetora psicológica. Graças a ela, você se valoriza como ser humano para enfrentar momentos ruins e prevenir condições como a depressão.

Autoconfiança

  • Favorece que você possa conquistar seus sonhos e objetivos.
  • Com ela, você se perceberá capaz de enfrentar os desafios do seu trabalho.
  • Graças a essa dimensão, você se sente competente em seus relacionamentos sociais.
  • A autoconfiança tem como objetivo fazer você se sentir competente no que faz.

2. Seus componentes

A autoconfiança está ligada à autoeficácia. Uma das figuras que mais pesquisou sobre isso foi Albert Bandura. Seu livro Self-efficacy: The exercise of control (1997) é uma referência nesse campo. Algo que esse trabalho nos aponta é que a autoconfiança é um fator que vamos desenvolvendo por conta própria com nossas percepções no dia a dia.

Há, portanto, elementos que a compõem, componentes que, como a autoestima, a constroem todos os dias em sentido enriquecedor ou debilitante. Confira mais detalhes a seguir.

Autoestima

  • A autoestima integra inúmeras componentes que você avalia todos os dias, como o seu autoconceito, o seu esquema corporal, a avaliação externa, as suas aptidões, a forma como você se trata e como os outros o tratam, entre outras.
  • Um componente-chave da sua autoestima é o sentimento de pertencimento. Em um artigo da revista Professional School Counseling, foi destacado como o fato de um aluno se sentir integrado, acolhido e cuidado no seu meio social reverte a essa dimensão.

Autoconfiança

  • A autoconfiança tem como principais componentes a sua segurança e as suas crenças.
  • Com elas, você avalia todos os dias o quão competente você é para dirigir, competir, desenvolver seu trabalho, ter sucesso nos estudos, poder se relacionar com os outros, etc.

A forma como somos criados e nossas experiências na primeira infância e adolescência têm um grande impacto na autoestima.

3. O efeito emocional

Esses dados são interessantes para saber as diferenças entre autoestima e autoconfiança. A primeira diz respeito às suas emoções e sentimentos gerais de valor e satisfação consigo mesmo. Assim, estados emocionais de valência positiva, como confiança, alegria, serenidade e amor-próprio, o fortalecem.

Por outro lado, você já deve ter ouvido falar que pessoas com autoestima elevada têm comportamentos narcisistas. Bem, existem nuances. Normalmente, é a autoestima desadaptativa que está correlacionada com o comportamento dos narcisistas. A grandiosidade e a necessidade constante de validação e atenção dos outros ocorrem com essa condição (Hyatt et al, 2018).

Vejamos a seguir com mais detalhes os componentes emocionais que fazem parte de cada uma dessas construções psicológicas.

Autoestima

Emoções enriquecedoras ou debilitantes são constantemente integradas à autoestima. Assim, quando você está com pessoas que amam você e por quem você sente confiança, carinho e segurança, essa dimensão é fortalecida. Em vez disso, estados como medo, solidão, vergonha ou culpa enfraquecem sua autoestima.

Autoconfiança

A autoconfiança tem a segurança e a tranquilidade como suas principais dimensões emocionais. Quando você se sente habilidoso e competente, essa dimensão é fortalecida. Por outro lado, o sentimento de insegurança e até mesmo frustração ao ver você fracassar o boicota.

4. A forma como são construídas

Pesquisas como a publicada na Revue Suisse de Psychologie sugerem que a autoestima é um fator-chave na dinâmica familiar. Se os pais apresentarem esse construto de forma saudável, a relação com os filhos será mais positiva. Por sua vez, esse tratamento enriquecedor e validador reforça o desenvolvimento da criança de uma visão positiva de si mesma.

Assim, para entender as diferenças entre autoestima e autoconfiança devemos observar como elas são construídas. Confira mais detalhes.

Autoestima

  • Começa a ser construída em seu ambiente familiar, por meio da forma como seus cuidadores o tratam.
  • O relacionamento com seus pares (amigos) também é decisivo. De fato, um período de grande relevância para a construção da autoestima é a adolescência. Esses anos acadêmicos e de autodescoberta são fundamentais.
  • Suas experiências e sua avaliação delas criam ou quebram esse fator psicológico. Passar por um relacionamento abusivo, por exemplo, pode prejudicar sua autoestima.

Autoconfiança

  • A superação de desafios específicos fortalece essa dimensão.
  • A autoconfiança é baseada mais em suas experiências diretas e realizações pessoais.
  • Nesse construto, embora o ambiente também tenha um certo peso em lhe dar reforços, suas percepções cotidianas são mais relevantes do que as pessoas que o compõem.

5. Estabilidade

Atualmente, temos escalas para medir a estabilidade da autoestima. Um exemplo disso é a Self-esteem Stability Scale (SESS), descrita em um artigo da Frontiers in Psychology. Algo que nos apontam nesse mesmo trabalho é que uma visão positiva e saudável de si mesmo, mantida de forma estável ao longo do tempo, reverte para o seu bem-estar psicológico.

Assim, outra das diferenças entre autoestima e autoconfiança tem a ver com esse mesmo fator. Em geral, a autoestima costuma ser mais estável do que a autoconfiança. Confira mais informações abaixo.

Autoestima

  • A autoestima estabelece suas bases na infância e adolescência. Embora seja geralmente um fator mais ou menos estável, pode flutuar em resposta a eventos significativos ou grandes mudanças.
  • Experimentar eventos traumáticos, como uma agressão, sofrer bullying no trabalho ou viver em um relacionamento abusivo com o parceiro, pode afetar a autoestima.

Autoconfiança

  • A autoconfiança varia dependendo da situação e do contexto em que você se encontra. Você pode se sentir competente e confiante quando está com pessoas que conhece e um pouco mais inseguro com estranhos.
  • É comum sentir uma boa autoconfiança se você fizer algo que domina, como falar inglês no trabalho. Em vez disso, você se sentirá inseguro em cenários que parecem estressantes para você, como alguns ao falar em público.
Quando você se sente confiante em si mesmo, pode enfrentar com sucesso novos desafios, aproveitar novas oportunidades e lidar melhor com os problemas.


Autoestima e autoconfiança: pilares do bem-estar psicológico

Embora a autoestima e a autoconfiança apresentem certas diferenças, elas se complementam e são o substrato do seu bem-estar psicológico. Quanto mais você cultivar e fortalecer suas habilidades, mais contribuirá para enriquecer a visão que tem de si mesmo como pessoa. Por sua vez, uma autoestima saudável, brilhante e positiva lhe dá maior segurança para aprimorar suas habilidades.

Para concluir, em um mundo tão competitivo, incerto e em mudança, não deixe de atender a essas dimensões decisivas. Sentir-se bem consigo mesmo, amar-se e perceber-se como alguém capaz de alcançar seus objetivos, é uma poderosa ferramenta para sua felicidade. Da mesma forma, se em algum momento você sentir problemas nessas áreas, não hesite em solicitar ajuda especializada.

 


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