O que é "design thinking" e como usá-lo para desenvolver a criatividade?

“Design thinking” é uma técnica desenvolvida nas empresas para resolver problemas e promover a criatividade. No artigo a seguir, descreveremos em que consiste e como você pode aplicar esse conceito.
O que é "design thinking" e como usá-lo para desenvolver a criatividade?
Valeria Sabater

Escrito e verificado por a psicóloga Valeria Sabater.

Última atualização: 03 outubro, 2023

As ideias criativas destinam-se a iluminar o mundo e promover o progresso em novas direções. Para isso, é necessário que forneçam soluções inovadoras e, sobretudo, úteis à sociedade. Esse é o propósito de uma técnica bem conhecida que, embora tenha sido desenvolvida em 1969, se destaca como um recurso altamente valioso no mundo dos negócios. Falamos sobre design thinking.

O que é conhecido como design thinking promove uma abordagem mental voltada para a resolução de problemas e criatividade. Sua vantagem é que facilita o conhecimento das equipes de trabalho sobre as necessidades de seus clientes.

A partir daí, as sinergias se unem para delinear propostas originais e capazes de favorecer recursos nunca antes vistos. Explicamos como tirar o máximo proveito dessa técnica na leitura a seguir.

Design é aprender fazendo, é assim que evoluímos para a melhor solução.

~ Tim Brown ~

Em que consiste o design thinking?

O design thinking é uma técnica de pensamento criativo que favorece a resolução de problemas e o desenvolvimento de recursos inovadores em uma empresa. Essa abordagem foi introduzida pelo Prêmio Nobel, Herbert Simon, por meio de seu livro The Sciences of the Artificial (2016). É um trabalho muito profético sobre ciência cognitiva, computação e a própria inteligência artificial.

Agora, a verdadeira decolagem dessa técnica aconteceu em 2009, graças a Tim Brown, presidente da IDEO e um dos maiores especialistas em liderança criativa. Seu livro, Change by Design: How Design Thinking Transforms Organizations and Inspires Innovation (2020), é uma referência na área.

Vamos agora aprender sobre as estratégias e os objetivos do conhecido design thinking.



As chaves e os objetivos do design thinking

No início deste século, o design thinking surgiu como a metodologia que toda empresa queria implementar. As universidades o incluíram em seus currículos e muitos gerentes queriam treinar seus funcionários nessa técnica. Pesquisas como a compilada na publicação Design Thinking for Education também destacam sua utilidade no sistema educacional.

A chave de seu interesse está em ser um processo analítico e criativo que estimula a experimentação. As pessoas que se especializam nessa técnica tornam-se coletoras de dados, designers de ideias e mentes que se esforçam para pensar fora da caixa.

Portanto, os objetivos dessa metodologia estão relacionados a diferentes ações que favorecem esses processos, como as seguintes:

  • Reinvente os modelos de negócios. Em um mercado tão competitivo, mutável e dominado por incertezas, as empresas são obrigadas a se reinventar e inovar para tirar proveito dos outros.
  • Conheça as necessidades das pessoas. Esse é o principal ponto de partida. Nenhuma entidade ou organização terá sucesso se não souber o que seus usuários querem e o que pode oferecer para facilitar suas vidas.
  • Veja os problemas de uma perspectiva humana. Sempre que surge um problema ou desafio, nós o analisamos do ponto de vista técnico. No entanto, assumir sempre a realidade a partir da perspectiva das pessoas nos permite pensar em ideias mais originais.
  • Colaboração e experimentação. O design thinking só é bem-sucedido quando várias pessoas com diferentes competências orientadas para o mesmo propósito estão envolvidas no processo. Experimentação e tentativa-erro favorecem o melhor progresso.
  • Evite o pensamento automático. Nossa mente muitas vezes raciocina automaticamente negligenciando a reflexão, a análise crítica, entre outros aspectos. Além do mais, com frequência, até nos deixamos levar excessivamente por esses vieses cognitivos que o Prêmio Nobel, Daniel Kahneman, descreveu como parte de seu modelo de pensamento humano.

As 5 fases do design thinking

Embora se trate de uma ferramenta comum em ambientes empresariais, a psicologia também tem se interessado por ela, principalmente em sua aplicação em instituições de ensino. De fato, trabalhos como o publicado pelo Journal of Educational Psychology descrevem a sua utilidade na intervenção no campo educativo.

Por exemplo, facilita a promoção de uma mentalidade de crescimento nos alunos, aquela mentalidade mais flexível e preparada para enfrentar desafios, o que poderia ser extrapolado para outros cenários como o organizacional.

Portanto, se quisermos nos capacitar nesse processo de criação de soluções inovadoras, devemos nos capacitar em cinco etapas. São uma série de etapas que constroem, aos poucos, as bases do design thinking.

Essas etapas, por sua vez, são baseadas em processos relacionados à busca de inspiração, à formulação de ideias e à sua concretização, conforme publicação da Revista Gestão & Tecnologia. Discutimos os cinco passos abaixo.

1. Tenha empatia

O ponto de partida que toda empresa ou pessoa deve levar em conta para melhorar seus serviços é saber o que seus clientes ou usuários precisam. Para isso, é necessário afinar nossa empatia. Nesse sentido, de nada adianta ser criativo se não começarmos o trabalho a partir de uma análise profunda do mercado para o qual nos dirigimos. Para isso, é interessante nos fazermos as seguintes perguntas:

  • O que meus clientes precisam?
  • O que pode facilitar a vida dos meus usuários?
  • Como eles se comportam, o que fazem quando usam nossos serviços?
  • O que pode excitá-los ou deixá-los mais felizes?
  • Como poderiam resolver seus problemas?

2. Definição

Nos processos básicos do design thinking, um dos mais interessantes é saber esclarecer o problema. Pode parecer óbvio, mas muitas empresas falham nessa componente. Depois de analisar as variáveis sobre as necessidades do cliente, é hora de lançar luz sobre o problema que estamos enfrentando, o elemento mais nuclear.

Nesse sentido, pode-se perguntar: qual é o desafio que, como organização, temos pela frente, em que direção devemos direcionar nossos esforços?

3. Idealize

Uma vez definidas as necessidades de nossos usuários ou clientes, é hora de gerar ideias. E quanto mais, melhor. As equipes de trabalho devem fornecer todas as soluções possíveis para os desafios existentes. Para isso, nada melhor do que utilizar uma série de recursos bem específicos, como os listados a seguir.

  • Pensamento convergente e divergente: estratégias inovadoras são buscadas por meio dessas duas abordagens mentais. Por um lado, podemos usar o pensamento lateral (gerando múltiplas ideias engenhosas) e, por outro, o modelo que busca apenas a solução de um problema (abordagem convergente).
  • Brainstorming: é uma técnica que estimula a contribuição do grupo de ideias para o mesmo fim. No entanto, também tem uma limitação: nem todos se sentem confortáveis com isso ao pensar em grupo. Consequentemente, quando necessário, o brainwriting é aplicado.
  • Brainwriting: nessa proposta, as pessoas de uma empresa escrevem suas ideias individualmente e por conta própria, e depois as compartilham com as equipes de trabalho.

4. Protótipo

No pensamento experimental há uma etapa crucial e é nela que se gera um protótipo. Esse termo se refere à representação das ideias mais inovadoras que foram criadas na fase anterior e com as quais passamos a experimentar. O processo de prototipagem pode ter as seguintes características:

  • O objetivo do protótipo é ter uma representação dele para analisá-lo.
  • Pode ser um gráfico, uma animação ou um teste experimental.
  • As equipes de trabalho devem ter uma amostra do que foi criado para analisar sua possível utilidade.
  • Avalia-se se esse protótipo é fácil de usar e se pode ter um impacto positivo nos clientes.

5. Avaliação

Antes de lançar um produto ou serviço, ele é avaliado junto ao público ao qual se dirige. As empresas costumam ter um departamento voltado para esse fim. Para isso, uma série de pessoas de fora da organização são reunidas para interagir com o que foi pensado e inovado.

Em seguida, são avaliados os resultados e as opiniões fornecidas por esse grupo experimental, tentando responder às seguintes questões: O que vocês desenharam juntos é útil? É fácil de usar? Quais emoções desperta? Satisfaz as suas necessidades? Despertou entusiasmo, interesse e desejo de o adquirir?

Essas perguntas nos permitirão analisar as variáveis mais importantes. Depois de avaliar todos esses componentes, é tomada uma decisão: implementar a inovação ou, alternativamente, continuar trabalhando no projeto.

Em quais áreas essa técnica de criatividade é aplicada?

A técnica de design thinking tem sido a espinha dorsal da criatividade em muitas empresas por duas décadas. Aliás, é comum que os colaboradores recebam treinamento nesse assunto e busquem, com isso, trazer a inovação que todo cenário de trabalho necessita.

Porém, não é só o meio empresarial que se beneficia desse recurso. Trabalhos como os incluídos em um artigo do BMC Medical Education destacam seus benefícios no setor de saúde, entre os quais se destaca sua eficácia em preparar estudantes de medicina para resolver problemas complexos.

Além disso, psicólogos, médicos e educadores aplicam seus princípios para capacitar pacientes e alunos com uma abordagem mental orientada para a solução. Vamos ver com mais detalhes como o design thinking é aplicado em diferentes cenários da nossa sociedade.

Campo educacional

A implementação desse recurso em ambientes acadêmicos oferece aos jovens uma nova ferramenta para enfrentar os desafios futuros. Estas costumam ser, portanto, algumas ações necessárias para introduzi-lo em sala de aula:

  • Treinar os alunos nos objetivos do design thinking.
  • Organizar os alunos em pequenos grupos de trabalho.
  • Trabalhar sobre supostos desafios, como uma dramatização, em que um problema específico deve ser resolvido.
  • Avaliar as estratégias desenvolvidas.
  • Ao longo do processo, os alunos devem adquirir competências em soft skills.
  • O objetivo é que as habilidades adquiridas nessas dinâmicas sejam aplicadas no cotidiano para resolver problemas de forma inovadora.

Empreendedorismo e inovação social

Qualquer empreendedor que queira gerar uma mudança em seu mercado de trabalho pode se beneficiar desse tipo de ferramenta criativa. A forma de desenvolvê-la em sua empresa pode ser a seguinte:

  • Capacite-se primeiro por meio de especialistas, livros ou recursos on-line.
  • Entre em contato com outros agentes sociais que já aplicaram o design thinking em sua organização para se inspirar ou receber orientações.
  • Uma vez que o conhecimento é adquirido, é hora de aplicá-lo. O objetivo desse recurso na área de empreendedorismo é analisar novas oportunidades de negócios e desenvolver planos de ação.

Organizações bancárias e econômicas

A esfera bancária pode obter bons resultados se optar por essa estratégia de inovação organizacional. Permitirá analisar melhor os mercados, detectar necessidades e desenvolver estratégias de atuação inovadoras. Listamos abaixo algumas ações que são propostas nessa esfera:

  • Esses cenários organizacionais devem sempre partir de uma formação adequada nessa matéria. Agentes externos podem ser contratados para esse fim.
  • Equipes colaborativas são criadas para aplicar o pensamento estratégico para resolver problemas e tomar decisões criativas nessa área.
  • É conveniente realizar auditorias periódicas para avaliar se é aplicado de forma adequada ou se são necessárias alterações.

Campo sociossanitário

Médicos, psicólogos, assistentes sociais, psiquiatras… No campo sócio-saúde, esse recurso avança e os benefícios são positivos. As diretrizes que se aplicam são as seguintes:

  • Formação de um departamento de design thinking.
  • O objetivo é analisar as necessidades dos usuários/pacientes de forma a responder de forma mais próxima e inovadora às suas necessidades.
  • Os profissionais capacitam as pessoas nessa área para que aprendam a resolver problemas.


Pensar fora da caixa, o segredo para o progresso

Raciocinar, conceber, imaginar e dar ao mundo propostas inovadoras requer esforço e técnicas eficazes. O design thinking se destaca como um mecanismo prático e bem-sucedido que vem sendo aplicado no campo empresarial há anos. É original, fácil de realizar e dá forma a dinâmicas muito enriquecedoras entre os grupos.

Porém, para além desses modelos de criatividade, não esqueçamos que esse fator é o motor que transforma as nossas sociedades. Investir nele não só origina novos avanços, mas também traz, em muitos casos, o próprio bem-estar. Não devemos parar de promovê-lo .


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